O julgamento que começava hoje no Tribunal de Coimbra que junta 12 acusados de participarem numa rede de burlas bancárias através da Internet foi adiado face à vontade do principal arguido, que estava em parte incerta, querer falar.
O principal arguido e alegado líder do grupo que criava ‘sites’ falsos de bancos para aceder a contas bancárias em Portugal tinha sido dado como estando em parte incerta no Brasil, com as autoridades portuguesas a nunca terem conseguido detê-lo ou notificá-lo.
Hoje, no arranque do julgamento no Tribunal de Coimbra, o advogado deste arguido afirmou que o homem está no Brasil e que tem vontade de ser ouvido e de prestar declarações no julgamento.
Perante essa vontade, o coletivo de juízes decidiu adiar o começo para dia 27, às 09:30, dando nota de que, até essa data, o arguido terá de renunciar aos prazos (já que nunca foi notificado), terá de ser assegurada a certificação da sua identidade, assim como reunidos os meios para poder ser julgado à distância.
Caso até dia 27 algum dos formalismos necessários não esteja preenchido, o julgamento irá prosseguir, declarando-se o arguido contumaz, sendo julgado depois num processo à parte, afirmou o presidente do coletivo, admitindo que a situação é algo ‘sui generis’.
Entre os 12 acusados, está também o filho do alegado líder do grupo, acusado apenas de branqueamento e de ser uma conta mula (conta bancária usada para movimentar dinheiro proveniente das alegadas burlas).
Tal como o filho do alegado líder, há outros seis acusados apenas de branqueamento e três de recetação, por irem recolher em lojas equipamentos comprados com recurso a burlas.
A acusação acaba por incidir sobretudo em dois homens, que teriam um maior envolvimento no grupo, que o próprio Ministério Público admitiu não ter conseguido identificar na sua plenitude, nomeadamente os ‘hackers’ que criavam sites falsos de bancos, assim como aplicações para extrair dados das vítimas.
Ao todo, terão arrecadado pelo menos 43 mil euros, lesando pessoas em diferentes pontos do país.
O arguido que ajudava de forma mais direta o alegado líder está preso preventivamente.
O homem de 41 anos que era dado como estando em parte incerta era, alegadamente, uma espécie de pivô de toda a operação: angariava contas mulas, transferia o dinheiro, dava ordens de pagamento de compras na internet e coordenava os ataques com um grupo de ‘hackers’, afirmou o Ministério Público.
Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o plano consistia em criar páginas de internet idênticas aos ‘sites’ oficiais de bancos, como a Caixa Geral, BPI, BBVA ou Novo Banco, para onde eram direcionadas as vítimas (muitas das vezes após pesquisarem o nome do banco no motor de busca Google).
Dentro da página, surgia uma janela a pedir a instalação de um complemento de segurança, que obrigava posteriormente a vítima a dar dados pessoais, como o número de contrato bancário e dados e identificação do utilizador, entre outros.
A maioria dos casos ocorreu entre novembro e dezembro de 2023, naquilo que o Ministério Público considerou ser uma “campanha” engendrada pelo grupo.
Os dois principais arguidos são acusados de dois crimes de branqueamento, cinco de burla qualificada, dez de falsidade informática, cinco de burla informática e um de falsificação de documento.
Além disso, um deles é acusado de cinco crimes de acesso ilegítimo e outro de seis.
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