O Tribunal de Coimbra começa a julgar hoje de manhã 28 pessoas suspeitas de tráfico de droga dentro da prisão de Coimbra, sob fortes medidas de segurança, face à perigosidade e número elevado dos arguidos que estão presos.
Revista de todas as pessoas que entram no tribunal, estacionamento reservado às cerca de dez carrinhas celulares dos Estabelecimentos Prisionais (EP), corredor onde decorre o julgamento encerrado à circulação com perímetro de segurança, presença de uma equipa reforçada do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP) e reserva do piso térreo da sala de audiências apenas para as pessoas envolvidas no processo são algumas das medidas de segurança previstas para este julgamento.
A rede de tráfico, de acordo com o Ministério Público (MP), terá funcionado, pelo menos, entre janeiro de 2016 e julho de 2017, com o propósito de introduzir droga no Estabelecimento Prisional (EP) de Coimbra, especialmente haxixe.
Segundo a acusação, a rede seria liderada por três homens que “têm um caráter violento” (eram temidos, inclusive, pelos guardas prisionais), sendo um deles o britânico Steven Johnson, de 54 anos, que tinha sido condenado em 2013 à pena máxima (25 anos), enquanto líder de um grupo que sequestrou e torturou um cidadão escocês no Algarve, em 2010 (o arguido está, de momento, a cumprir pena no Reino Unido).
De acordo com a acusação a que a agência Lusa teve acesso, os três reclusos terão decidido “organizar e liderar um grupo com o propósito de introduzir e distribuir elevadas quantidades” de droga para venda “a um número elevado de reclusos”, sendo que toda a atividade “tinha um caráter organizado e tentacular, envolvendo igualmente arguidos não reclusos”, que ajudavam a introduzir a droga na cadeia.
Na base da rede estavam arguidos que, por vezes sob ameaças, guardavam a droga nas suas celas ou no próprio corpo ou tinham como missão recolher droga arremessada do exterior, sendo que um deles, face às pressões dos membros da rede, terá acabado por se suicidar já depois de mudar para outra prisão.
No processo, são ainda acusadas seis mulheres entre os 21 e os 32 anos, namoradas ou amigas dos líderes da rede ou de terceiros, cujas contas eram usadas para o depósito dos pagamentos da droga comprada na prisão de Coimbra.