Advogados
Juízes e procuradores defendem justiça mais ágil e procedimentos mais simples
Mais de metade (57,8 por cento) dos magistrados inquiridos numa ánalise do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, defendeu ser necessário agilizar a administração da justiça e simplificar os procedimentos.
O estudo, subordinado ao tema “Quem são os nossos magistrados?” e ao qual responderam 574 magistrados (judiciais e do Ministério Público) e que será hoje apresentado, revela que a segunda prioridade indicada (9,7%) para a reforma do sistema é a reorganização do mapa judiciário.
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“Dotar os órgãos de justiça de meios de registo, transmissão e processamento de dados” surge em terceiro lugar nas reformas pretendidas, com 8,7% das respostas, seguido da opção “melhorar a remuneração dos profissionais na área da justiça”, com 6,4%.
Os inquiridos consideram igualmente importante aumentar o número de magistrados do Ministério Público e de juízes de primeira instância.
Uma percentagem de 0,8 por cento dos magistrados que responderam ao questionário considerou que a reforma mais importante seria “estabelecer ingressos distintos para as carreiras judicial e do Ministério Público”.
Sobre a evolução que se sentiu nos últimos 10 anos, 32,6% dos inquiridos considerou que, relativamente à independência no exercício profissional, a situação “tem piorado”, enquanto 8,8 diz que “tem melhorado” e mais de metade (51,2%) acha que “tem permanecido igual”.
Relativamente à remuneração, 61,1 por cento garante que “tem piorado muito” e 33 por cento que “tem piorado”. Apenas 3,6 por cento das respostas referem que “tem permanecido igual”.
Relativamente ao “prestígio na sociedade” da profissão, 52,5 por cento entende que “tem piorado muito” e 42,5 por cento que “tem piorado”, enquanto 4,8% diz que “tem permanecido igual”.
Uma larga percentagem (59,3 por cento) dos magistrados concorda que a atividade “gera stress profissional” e 42 por cento acha que “o volume de trabalho é excessivo”.
Um total de 38,6 por cento admite que “tem, por vezes, uma relação emocional com os casos que deve decidir” e 53,3 por cento declara-se “motivado no exercício da profissão”.
Questinados sobre a sua orientação política, 35,4 por cento dos juízes declararam ser do “Centro” e 23 por cento do “Centro-Direita”, enquanto 23,9 dizem ser do “Centro esquerda” e 10,6 de “Esquerda”. De extrema-direita surge uma percentagem de 0,9 por cento.
O “Centro” também preenche a maior fatia da orientação política dos magistrados do MP, com 33,2% das respostas, seguido do “centro-Esquerda”, com 26,1 por cento, e do “Centro-Direita”, com 19,7 por cento.
A “Direita” obtém 6,7 por cento das respostas e a extrema-esquerda 3,4 por cento. A extrema direita não ultrapassa os 0,8 por cento.
A amostra do estudo é composta por 574 respostas, das quais 343 foram dadas por magistrados do MP, 151 por juizes e 80 por “desconhecidos”.
O estudo, da autoria de António Casimiro Ferreira (coordenador), João Paulo Dia, Conceição Gomes, Madalena Duarte, Paula Fernando e Alfredo Campos, é hoje apresentado no seminário “Quem são os nossos magistrados? Caracterização profissional dos juízes e magistrados do Ministério Público em Portugal”, em Lisboa.
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