Coimbra
José Manuel Silva esconde negócio da Casa da Cidadania da Língua
José Manuel Silva garantiu esta segunda-feira, 3 de julho, que o protocolo com a Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA) para transformar a Casa da Escrita na Casa da Cidadania da Língua será feito “de acordo com a lei”, no entanto, continua a esconder os pormenores do negócio que acordou com a associação fundada por um irmão e por um amigo.
A questão voltou a ser abordada na reunião do executivo municipal. Na sua intervenção inicial, o presidente da câmara referiu que a nova denominação da Casa da Escrita iria permitir “abordar questões como a cultura como marca de território, a programação cultural em português, os desafios da nova cidadania, o acesso à educação, o futuro da língua portuguesa e a importância de comentar a história de uma forma plural e inclusiva”.
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No protocolo que assinado com a APBRA, garante o autarca, estão previstas “novas colaborações e horizontes” na abordagem a “temas importantes para a cidadania e a cultura, com o sonho de contribuirmos para a construção e partilha de um mundo melhor”.
Após estas declarações, o vereador da CDU Francisco Queirós questionou o presidente sobre o assunto. “Relativamente à relação da Casa da Escrita ou a sua entrega à Associação Portugal-Brasil 200 anos (APBRA), a câmara não tem até hoje informação relevante, nem esclarecimento cabal do que se pretende afinal para este equipamento municipal, desconhecendo-se os termos do eventualmente acordado entre as partes”, afirmou.
Dessa forma, o eleito da CDU perguntou se era “certo” que a associação se iria” instalar na Casa da Escrita e assumir a curadoria da mesma” e se já existia “algum protocolo, por nós desconhecido, que firme esse propósito”. Caso a resposta fosse positiva, qual o prazo e valores, qual o projeto “que a APBRA se propõe dinamizar naquele espaço” e que missão passará a cumprir.
A única resposta dada por José Manuel Silva, que em antrior reunião também não esclareceu a socialista Regina Bento, é que “tudo será feito de acordo com a lei”. “Há um passado que tem de ser devidamente protocolado, de acordo com aquilo que for entendido e cumpridos todos os trâmites legais”, garantiu.
Embora continue a não fornecer esclarecimentos à oposição, no dia 1 de julho, na Rua João Jacinto 8, num “debate promovido pela APBRA, José Manuel Silva anunciou que a Casa da Escrita adota a nova designação de Casa da Cidadania da Língua e que está entregue à Associação Portugal Brasil 200 anos.
Nesse dia, questionado por Notícias de Coimbra, o autarca de Coimbra admitiu que para já vai gastar mais de 50 000 euros, no entanto fonte dos Paços do Concelho afiança que o valor acordado é bastante superior.
A APBRA afirma ser “uma Associação não governamental e sem fins lucrativos, dedicada ao desenvolvimento das relações humanas e económicas entre Portugal e o Brasil e à promoção cultura e da língua portuguesa, através da realização de eventos e parcerias com agentes privados e públicos dos dois países”.
A organização foi constituída em 26 novembro de 2021 num cartório de Lisboa, e tem como fundadores José Diogo (presidente da Direção), João Gabriel Silva (irmão do presidente da Câmara e líder da Assembleia Geral) e Maria Santiago (advogada na capital e presidente do Conselho Fiscal).
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