Jorge Paiva defende sobreiros e azinheiras na reflorestação
O botânico Jorge Paiva pediu hoje aos governantes para fazerem avançar o ordenamento florestal, realçando que o sobreiro e a azinheira são as espécies autóctones mais aptas a enfrentar as alterações climáticas em Portugal.
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“As únicas árvores que temos capazes de suportar estas novas condições são, precisamente, os sobreiros e as azinheiras”, defende o ambientalista e investigador da Universidade de Coimbra (UC), num postal de “boas festas” enviado à agência Lusa.
Na sua habitual mensagem de Natal, num desdobrável de quatro páginas em que deseja também “próspero Ano Novo”, Jorge Paiva alerta que “a maior parte de Portugal” está atualmente coberta de “formações florestais mono-específicas – eucaliptais e pinhais – contínuas, adjacentes e facilmente inflamáveis pela elevada concentração de produtos aromáticos dos eucaliptos e resina dos pinheiros”.
O biólogo, reformado, que aos 84 anos continua a desenvolver atividade científica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, salienta que “não é por acaso que o sobreiro é a nossa árvore nacional e não o eucalipto”, de acordo com uma resolução do parlamento.
Este reconhecimento da espécie que produz a cortiça, sobretudo no Ribatejo e no Alentejo, foi aprovado pela Assembleia da República, em 2012, “embora um ministro tenha considerado o eucalipto”, espécie exótica oriunda da Austrália, “como o petróleo verde” de Portugal.
“Realmente, arde tão bem ou melhor do que o petróleo”, assegura Jorge Paiva, frisando, por outro lado, que o sobreiro e a azinheira, “que são carvalhos, crescem muito mais lentamente que o eucalipto e isso não interessa, pois numa sociedade de mercado só é relevante o máximo lucro, no mais curto espaço de tempo”.
Os montados de sobro e azinho, no sul do país, “demoraram dezenas de anos a formar-se, mas hoje são rendíveis e sempre com o mesmo número de árvores, pois, conforme vão morrendo, vão sendo substituídas por outras”, refere.
“Façamos votos para que a época festiva do final do ano ilumine a consciência dos governantes e políticos de Portugal, de modo a não continuarmos a ter ‘piroverões’”, preconiza o botânico.
Na primeira página do postal, intitulado “Uma árvore de Natal especial”, publica duas fotos de um sobreiro de “avançada idade” do Sobral da Malhadoura, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.
À semelhança de anos anteriores, Jorge Paiva concebe a sua mensagem da quadra natalícia em Português e Inglês, enviando-a a centenas de cientistas, jornalistas, amigos, universidades e outras instituições públicas e privadas, nacionais e de outros países em todos os continentes.
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