O secretário-geral do PCP garantiu que vai fazer uma campanha eleitoral de contacto nas ruas, dentro dos constrangimentos provocados pelo agravamento da pandemia, e descartou que estas sejam as legislativas da despedida.
Nas eleições autárquicas a campanha de Jerónimo de Sousa foi mais resguardada do que o habitual, com menos contacto com a população pelas ruas. De outubro para agora houve um agravamento da situação pandémica, que deverá persistir até às eleições de 30 de janeiro.
Questionado, em entrevista à agência Lusa, a propósito das eleições legislativas, sobre o que é possível esperar da campanha, o secretário-geral comunista assegurou a presença nas ruas e o contacto com os eleitores, dentro do possível por causa da pandemia.
“Vamos procurar fazer uma campanha pela positiva, com um sentido de esperança, de confiança, vivendo com essa situação sanitária que nos inquieta a todos, mas há que combater o medo”, completou.
Na ótica do dirigente do PCP, há um sério “risco de haver um grau de abstenção significativo” se a preocupação em relação à pandemia “se transformar em medo”. Para que isso não aconteça, Jerónimo de Sousa disse que tem de haver uma comunicação das medidas e da severidade da pandemia eficaz por parte do Governo, para que o pânico não se instale.
A CDU não vai prescindir, prosseguiu, da uma campanha eleitoral junto das populações, apesar dos constrangimentos com a pandemia.
“Não é incompatível esta articulação entre cuidados de proteção de cada um e de todos, e, simultaneamente, não abdicar de direitos fundamentais, designadamente o exercício da política e da batalha eleitoral (…). Da parte do PCP não haverá nenhuma medida que vise impedir a luta política que o exercício da democracia por parte do povo pode ser feito”, elaborou.
É o quinto mandato de Jerónimo de Sousa enquanto secretário-geral do partido, o último renovado em 2020. É o deputado à Assembleia da República com mais anos ‘de casa’ e foi também eleito deputado à Assembleia Constituinte, em 1975, um ano depois da filiação no PCP.
Questionado sobre se antevê que esta possa ser a última campanha eleitoral às legislativas, o dirigente comunista respondeu que “um dia será”, mas esse dia não é já.
O momento atual é de “uma tranquilidade imensa” e Jerónimo de Sousa confessou que dentro do próprio Comité Central há um incentivo e acompanhamento constante dos restantes membros.
No entanto, “ninguém cá fica para semente”, reconheceu.