Fernando Valente acaba de ser acusado esta quarta-feira, 6 de novembro, pelo Ministério Público.
Está acusado de aborto agravado, profanação e ocultação de cadáver, bem como de homicídio qualificado e de acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.
Segundo o despacho de acusação, durante cerca de um ano, o arguido e a vítima mantiveram uma relação íntima (que aquele tentou sempre manter em segredo), fruto da qual aquela engravidou.
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Já com 7 meses de gestação, no dia 29 de setembro, a vítima comunicou ao arguido esse seu estado e este, por forma a evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património, o arguido decidiu matar a vítima e o feto que esta gerava; para isso, engendrou um plano que incluiu desfazer-se do seu corpo e do feto, eliminar contactos que o relacionassem com aquela e com os vestígios da sua morte, e de desviar de si quaisquer suspeitas dos crimes.
Nos dias seguintes, “o arguido efetuou pesquisas sobre a forma como eliminar das redes sociais as conversas mantidas com a vítima, adquiriu um cartão SIM pré-pago que passou a usar num telemóvel antigo e sem ligação à internet; após, e já através deste telemóvel, o arguido agendou o encontro com a vítima para o dia 03.10.2023”, pode ler-se.
Nesse dia, cerca das 21:00, a vítima encontrou-se com o arguido junto da sua residência, e munida das ecografias da sua gravidez, acompanhou-o, sendo levada até ao apartamento situado na Torreira, pertença daquele.
Aí, o arguido matou a vítima e o feto que se encontrava a gerar, lê-se na acusação.
Logo após, durante a madrugada do dia 04.10.2024 e nos dias seguintes, o arguido: “desfez-se do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedindo que fosse encontrado; acedeu ao telemóvel da vítima e fazendo-se passar por esta, remeteu duas mensagens nas redes sociais a um terceiro indivíduo, insinuando estar a ser ameaçada por este; desfez-se, igualmente, de todos os seus pertences, bem como, de um tapete da sala do apartamento; procedeu a operações de limpeza profundas no interior do apartamento e nas zonas comuns (caso que nunca sucedera anteriormente); por diversas vezes, comunicou-se com familiares da vítima negando qualquer encontro com a mesma.
Até à data, o corpo da vítima não foi localizado”.
O arguido encontra-se sujeito a medida de coação privativa da liberdade.
O Ministério Público deduziu pedido de indemnização contra o arguido, no montante global de 200 mil euros para ressarcimento dos danos causados aos filhos da vítima.
Atendendo à repercussão social do caso e à importância da participação da comunidade na administração da justiça, o Ministério Público requereu o julgamento perante Tribunal de Júri.
3 de outubro de 2023. Certamente, uma data que ficará na memória da família Silva da Murtosa. 12 meses de sofrimento sem saber onde está Mónica Silva, de 33 anos e grávida de sete meses. Desapareceu durante o regresso à casa. Teria ido ao café. Ligou ao filho e disse que estava a caminho de casa, mas nunca chegou.
As suspeitas recaíram sobre Fernando Valente que está acusado dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e de aborto agravado. Até porque, o GPS “tramou-o”. O carro do suspeito terá feito paragens na Ria de Aveiro.
Para além disso, foi encontrado numa das casas do suspeito 80 mil euros e foi feita uma limpeza profunda numa das habitações. Bem como, o sangue encontrado em casa e na carrinha .
A família exige justiça e acredita que Mónica Silva já não esteja entre nós. Todos querem uma pista e saber onde está o corpo.
Desde o início que a PJ tem seguido várias pistas. Desde pedreiras, Cuba, covas, entre outros alertas. O primeiro local foi um poço cuja família contratou uma empresa para o limpar.
A família também chegou a ser alvo de burla. “500 euros por Mónica viva”. Foi o pedido de resgate que fizeram à irmã da grávida.
O irmão de Mónica chegou a mergulhar na ria de Aveiro à procura da grávida.
Entretanto também foi descoberta uma irmã ilegítima do ex-namorado da grávida desaparecida. Nunca foi assumida pela família.
Também se descobriu que Fernando Valente, na sua adolescência, envolveu-se num acidente mortal.
A família de Mónica, entretanto, já sujeita a recolha de testes de ADN.
Mensagens trocadas no Facebook entre Mónica e Fernando foram apagadas.
Sara Silva, irmã gémea de Mónica, revela pormenores da relação de Mónica e Fernando Valente: “Queria levá-la para o Dubai”. Garante que Fernando queria encontrar-se com Mónica e Sara.
Mas também apontou um outro suspeito. “Abordaram a minha irmã”. “O homem de Anadia queria saber se ela já tinha abortado”. “Acredito que a minha irmã tenha sido torturada”, afirma.
Esta é a história de como se conheceram, contada por Sara.
Após alguns meses, sabe-se que a família Valente retira câmaras de videovigilância de casa na altura do desaparecimento.
A tia chegou mesmo a afirmar que o corpo podia estar escondido num cemitério.
Filomena Silva recebe fotos de roupa que podiam ser de Mónica.
A gémea da grávida fala sobre uma “birra” que teve com irmã por causa do negócio.
Em fevereiro, a tia de Mónica fica em prisão domiciliária.
No mesmo mês, o pai de Mónica e Sara é condenado por tráfico de droga.
Já em março sabe-se que a mãe da grávida desaparecida e a tia estão de costas voltadas.
O tribunal chama a irmã, Sara Silva.
“Um dia muito triste. Mataram-na”. Dia 28 de maio Mónica faria 34 anos.
Devido à “especial complexidade” deste processo, a investigação acabou por ganhar mais uns meses.
Agora, aguarda-se que a acusação seja deduzida, que faltará cerca de um mês e meio.
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