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“Ir a salto” retrata a emigração clandestina portuguesa no século XX
“Ir a salto” é uma peça de teatro que relata histórias da emigração clandestina portuguesa no século XX, assinala os 50 anos do 25 de Abril e tem estreia marcada para 12 de abril, em Vila Real.
Partindo da emigração clandestina nos anos 60, do século XX, o projeto reconhece aquele que foi, segundo o diretor artístico da Urze Teatro, Fábio Timor, um ato de desobediência cívica durante a ditadura salazarista.
“Porque grande parte dos jovens fugia da guerra no Ultramar, outros da pobreza e outros porque, pura e simplesmente procuravam uma vida melhor”, afirmou hoje à agência Lusa o também diretor do espetáculo.
A peça faz uma viagem ao passado, a um período em que ‘a salto’ muitos emigrantes conseguiram transpor clandestinamente as fronteiras portuguesas, mas em que também muitos foram enganados e deixados à sorte por agiotas na aldeia de França, no concelho de Bragança.
Fábio Timor disse que o espetáculo conta a história de um jovem casal, o Francisco e a Aurora, que, nos anos 60 do século passado, procura uma vida melhor e arrisca a emigração com a ajuda de passadores, mas que acaba a viagem em França, mas não a França de Paris e da torre Eiffel, mas sim a França transmontana.
“Parece-nos muito oportuno e interessante lembrar que, sendo nós um país de emigrantes, temos a obrigação, ou pelo menos a humanidade, de saber acolher quem procura aqui uma vida melhor”, afirmou ainda o diretor artístico, que lembrou que atualmente Portugal é um país que acolhe imigrantes de várias nacionalidades.
Para a construção deste projeto foram feitas entrevistas a antigos emigrantes e também a passadores, e, de acordo com Fábio Timor, foi possível perceber que havia grupos organizados na aldeia de França que ajudavam a enganar os emigrantes.
O trabalho de investigação está a ser coadjuvado pelo professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) José Eduardo Reis.
A Urze Teatro disse, em comunicado, que foram recolhidos testemunhos junto de protagonistas e descendentes do acontecimento da emigração ‘a salto’, permitindo “asseverar a qualidade do compêndio fílmico do documento cinematográfico a realizar pelo videasta José Miguel Pires”.
Fábio Timor salientou que o projeto não se limita à construção de um espetáculo e inclui ainda a realização de um documentário pelo videasta José Miguel Pires e a publicação de um livro, que está a ser coordenado por José Eduardo Reis.
A peça conta no elenco com os atores Pedro Giestas, Bernardo Gavina, Glória de Sousa, Fábio Timor, Joana Ferrajão e Rita Queirós, numa encenação de José Carretas, que assina também o texto original.
A estreia acontece a 12 de abril, no Teatro Municipal de Vila Real, e, nesse dia, o espetáculo conta com a participação especial de 16 elementos do coro da Casa do Professor de Vila Real.
“Ir a salto” é uma coprodução com o Teatro Municipal de Vila Real que conta com o apoio da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de abril de 1974, da Direção-Geral das Artes e dos municípios de Vila Real e de Cinfães.
A Urze Teatro foi fundada há 20 anos e criou o Teatro de Bolso em 2021, em Vila Real, um espaço que serve de sede da companhia e de palco para a realização de vários eventos culturais.
No âmbito de um ciclo sobre o 25 de Abril, a Urze já produziu as peças “A teia” e “O tesouro”.
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