Saúde
Investigadores estudam alternativa a antibióticos para combater bactérias multirresistentes
Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) estão a apostar numa alternativa aos antibióticos para combater bactérias multirresistentes, foi hoje revelado.
Em comunicado, o i3S destaca que as infeções causadas por bactérias Gram-positivas, como a Listeria, “constituem um grave problema de saúde pública e um dos principais desafios da medicina moderna”.
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A bactéria Listeria monocytogenes, um agente patogénico de origem alimentar, é responsável pelo maior número de casos de hospitalização e mortes na Europa, indica o instituto.
“Atualmente, assistimos ao aparecimento não só de novos agentes patogénicos, mas também de novas estirpes bacterianas com propriedades de virulência reforçadas e maior resistência aos antibióticos”, afirma.
A equipa do i3S que se tem dedicado ao estudo da Listeria descobriu que a presença de um açúcar na superfície da bactéria a torna “mais agressiva e mais resistente aos antibióticos”.
A presença desse açúcar deve-se exclusivamente a uma proteína designada RmlT.
“A proteína RmlT tem um impacto significativo na virulência bacteriana e na resistência antimicrobiana, já que é ela quem transfere o açúcar para as estruturas da superfície da bactéria, simultaneamente colocando fatores de virulência na parede bacteriana e impedindo o antibiótico de atuar eficazmente”, esclarece, citado no comunicado, o investigador que liderou o estudo, Didier Cabanes.
Para estudarem o mecanismo da proteína no agente patogénico os investigadores geraram uma “bactéria mutante sem o açúcar” e verificaram que ela ficou menos virulenta.
“Além disso, os antibióticos mostraram-se mais eficazes contra este mutante”, acrescenta o primeiro autor do artigo, Ricardo Monteiro.
Nesse sentido, os investigadores estão agora a testar uma droga que “não mate a Listeria, mas que consiga inibir a proteína RmlT tornando a bactéria menos virulenta e mais sensível aos antibióticos”.
O objetivo “não é a matar a Listeria, mas sim torná-la mais fraca para depois os antibióticos serem mais eficazes”.
“Uma vez que a RmlT é muito similar a outras proteínas existentes em bactérias patogénicas que normalmente são multirresistentes e muito graves em ambiente hospitalar, como os Staphylococcus, a droga em que estamos a trabalhar poderá ser adaptada para combater outras superbactérias”, acrescenta Didier Cabanes.
A descoberta, publicada na revista Nature Communications, “abre caminho para o tratamento de bactérias patogénicas multirresistentes”, assinala o instituto.
A investigação foi desenvolvida no âmbito do 6.º concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2023, promovido pela Fundação La Caixa em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
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