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Investigadora da UC acusa comunicação social de simplificar informação nos casos de corrupção

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 24-04-2014

Isabel Ferin Cunha, docente na Universidade de Coimbra e coordenadora do projeto de investigação “Corrupção Política nos Media”, considerou hoje que há uma tendência para transformar em tabloide a informação em casos de corrupção política.

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“Seria importante retirar esse pendor, porque ao ‘tabloidizar’ o jornalista descontextualiza, retira as causas e consequências do fenómeno”, defendeu, frisando que há uma “simplificação” da informação veiculada em torno de casos mediáticos como o Freeport, Face Oculta, BPN ou Submarinos.

O projeto de investigação tem também como conclusão inicial que “os atores principais nas notícias são os atores políticos, independentemente de serem os protagonistas dos crimes ou de serem ou não arguidos”, explicou.

A análise é feita a notícias entre 2005 a 2012, sendo 2009 o “ano com o maior número de peças”, quer por alguns dos processos se terem iniciado nesse ano, quer por ter sido ano de eleições legislativas, em que o PS, liderado por José Sócrates, ganhou, apontou a investigadora.

“Há uma ligação entre uma maior cobertura destes casos e a altura de eleições”, sublinhou.

Isabel Ferin Cunha referiu que, na cobertura dos casos, “é aos políticos que é dada a proeminência”.

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Estes “têm mais presença nas notícias do que os próprios arguidos, o que acarreta uma colagem de todos os crimes às figuras políticas”, constatou.

Essa ligação entre figuras políticas e casos de corrupção nota-se também “nos barómetros políticos, em que se observa uma queda bruta do prestígio das instituições políticas e das figuras” envolvidas.

Os arguidos acabam por ser “postos para um segundo plano e na construção jornalística não são completamente identificados”.

O projeto de investigação, que ainda está no seu início, conclui também que “há uma grande dificuldade por parte dos jornalistas de terem uma noção exata das terminologias” relativas a um processo judicial, disse a investigadora, acrescentando que, para além da falta de formação nesta área, seriam necessários “mais recursos” para uma investigação em torno dos casos.

O projeto é apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e dinamizado pelo Centro de Investigação Media e Jornalismo.

A 30 de maio, realiza-se na Casa da Escrita, em Coimbra, o seminário “Os media e a cobertura jornalística da Corrupção Política”, com representantes de países lusófonos.

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