Coimbra

Investigador de Coimbra cria dispositivo reutilizável para eletroencefalogramas

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 12-11-2019

 

Um investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um dispositivo eletrónico vestível (do inglês wearable), de baixo custo e reutilizável, que promete revolucionar a realização de eletroencefalogramas, foi hoje anunciado.

Manuel Reis Carneiro, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) criou um ‘wearable’ constituído por uma banda têxtil onde estão inseridos elétrodos não rígidos ultrafinos, produzidos através de uma tinta específica que facilita a interface entre o aparelho eletrónico e a atividade cerebral.

Esta tinta foi desenvolvida no Laboratório de “Soft and Printed Microelectronic” (SPM-UC) do ISR, no âmbito de um outro projeto de investigação – Stretchtronics.

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“No futuro, realizar um eletroencefalograma, ou EEG, exame bastante utilizado para avaliar a atividade cerebral, será muito mais simples e cómodo para o paciente”, garante uma nota da FCTUC, divulgada hoje.

Baseado em eletrónica flexível, tecnologia que permite criar circuitos eletrónicos elásticos (maleáveis), o dispositivo permite a aquisição de eletroencefalogramas de forma bastante mais confortável e durante períodos bem mais longos do que a tecnologia atualmente utilizada na prática clínica.

“Atualmente, a eletroencefalografia é efetuada com elétrodos rígidos metálicos colocados no couro cabeludo, que se tornam desconfortáveis ao fim de algum tempo. Para além disso, os atuais sistemas são de grande dimensão, usam muitos fios, demoram tempo a preparar e exigem um técnico especializado, confinando a monitorização de pacientes a um laboratório ou hospital”, refere a FCTUC.

O ‘EEG vestível’ desenvolvido pelo investigador do ISR ultrapassa essas limitações, podendo ser colocado no paciente de forma extremamente simples e rápida por qualquer pessoa.

“Como é têxtil e os elétrodos são altamente flexíveis, permite a realização de exames ao longo de muito mais tempo, pois não se torna desconfortável, garantido a mesma qualidade dos atuais dispositivos utilizados na medicina”, explica Manuel Reis Carneiro.

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O potencial de aplicação deste dispositivo vestível da próxima geração é vasto, garante o investigador. O ‘wearable’ foi inicialmente criado para ser aplicado em serviços de urgência, “onde nem sempre está disponível um técnico especializado para a realização do exame, possibilitando assim que qualquer profissional coloque o dispositivo e fique a conhecer a condição do doente”.

Manuel Reis Carneiro está já a pensar em novas utilizações para o dispositivo. “Ao permitir a interface homem-máquina, por exemplo, uma pessoa tetraplégica consegue controlar uma cadeira de rodas através da atividade cerebral”, refere.

Por outro lado, como é um dispositivo sem fios e de muito baixo custo, pode também ser utilizado para exames médicos em locais remotos (telemedicina).

“Os dados podem ser adquiridos em qualquer lugar do mundo e analisados remotamente por um médico especializado, num hospital. Pode ainda ser aplicado em casos em que é necessária a monitorização contínua da atividade elétrica do cérebro”, destaca.

O investigador e a sua equipa pretendem agora avançar para a “validação clínica tendo em vista a colocação no mercado” deste “wearable”.

“O dispositivo está a funcionar, é eficaz na aquisição de atividade cerebral, é simples e barato (a banda têxtil custa entre 1 e 2 euros), e por isso pretendemos que a tecnologia chegue ao mercado”, conclui Manuel Reis Carneiro.

Financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), o projeto foi desenvolvido no âmbito da tese de mestrado do investigador, orientada por Mahmoud Tavakoli, docente e diretor do Laboratório de “Soft and Printed Microelectronic” do ISR, e foi distinguido recentemente no concurso de ideias “Fraunhofer Portugal Challenge 2019”.

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