Coimbra
Investigador da Universidade de Coimbra preside a comissão mundial responsável pela descrição e classificação de bactérias
Milton Costa, professor Catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é o primeiro português a dirigir a importante Comissão Internacional Sistemática de Procariotas (bactérias) – International Committee on Systematics of Prokaryotes (ICSP) – da União Internacional de Microbiologia, que reúne duas centenas de cientistas de todo o mundo e é responsável pela descrição, nomenclatura, classificação e agrupamento dos seres vivos, segundo sua filogenia (evolução).
Especialista em microbiologia, Milton Costa preside também à Comissão Científica Internacional do Instituto de Microbiologia Stephan Angeloff, associado ao Instituto Pasteur, em Sófia (Bulgária), e integra regularmente expedições internacionais dirigidas à busca de novos micróbios.
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Recentemente participou na missão MAMBA10, onde foi descoberto o primeiro micróbio que habita na zona mais profunda do Mar Mediterrâneo, classificado como Palleronia abyssalis. Trata-se de um microrganismo «muito estranho e fascinante porque não se percebe como consegue viver a cinco mil metros de profundidade, num ambiente oligotrófico (muito pobre em nutrientes), onde praticamente não há atividade orgânica», explica. Outra característica que está a intrigar a comunidade científica é o facto «de se ter adaptado ao ambiente à superfície (no laboratório), em condições muito distintas do seu habitat de origem», sublinha Milton Costa.
Embora seja necessário sequenciar o genoma do Palleronia abyssalis e estudar as suas propriedades, o catedrático da UC nota que «os micróbios que vivem em ambientes extremos produzem, com toda a certeza, enzimas com elevado potencial biotecnológico. É muito importante explorar as características destes microrganismos porque, no futuro, poderão apresentar soluções para problemas de áreas tão diversas como a saúde ou agricultura».
O estudo deste invulgar micróbio envolveu também Luciana Albuquerque e Luis França, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC).
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