Saúde
Instituto de Saúde Pública destaca transmissão mais baixa da covid-19
O índice de transmissibilidade (R(t)) do vírus SARS-CoV-2 em Portugal está atualmente em 0,84, com o investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), a destacar hoje a descida acentuada sem fortes medidas restritivas.
“Há uma redução do número de reprodução efetivo do R(t) muito acentuada, estando atualmente estimado em 0,84. É preciso considerar que nunca estivemos com valores tão baixos de R sem medidas de restrição muito acentuadas implementadas”, afirmou o especialista na sua intervenção realizada na reunião do Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas, membros do Governo e o Presidente da República.
De acordo com Baltazar Nunes, a incidência está também a descer e os especialistas estimam que “dentro de duas semanas a 30 dias” o país poderá atingir uma incidência acumulada de 60 casos por 100 mil habitantes a 14 dias. Porém, assumiu a exceção na previsão para o Algarve, uma vez que esta região “atingiu níveis de incidência mais elevados e vai demorar um pouco mais tempo a atingir os níveis de incidência abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”.
O perito do INSA associou o nível elevado de cobertura vacinal da população portuguesa à descida da incidência, mas também nos restantes países europeus que apresentam elevadas taxas de vacinação contra a covid-19. “Existe uma tendência clara de maior cobertura vacinal e menor transmissibilidade. [Vacinas] Reduzem a transmissão e essa é uma mensagem importante”, frisou.
Durante a apresentação, Baltazar Nunes abordou também diferentes estudos sobre a efetividade da vacina ao longo do tempo, notando “coberturas vacinais muito elevadas na fase inicial, de 70% a 80%” e que após 14 semanas da toma da segunda dose, a efetividade contra hospitalização e óbito permanece “bastante elevada”, mas regista-se “uma descida [da efetividade] em termos de infeção com pelo menos um sintoma”.
Por outro lado, o especialista do INSA deixou um aviso para o próximo período outono-inverno, no qual se verifica uma confluência de fatores que exigem monitorização atenta, nomeadamente o aumento da mobilidade, com retorno ao trabalho presencial e festividades, potencial redução da efetividade da vacina, surgimento de novas variantes, temperaturas baixas e circulação de outros vírus respiratórios.
“As festividades podem coincidir com um período de menor efetividade da vacina”, realçou, ao lembrar que grupos prioritários já “foram vacinados no início do ano” 2021. Nesse sentido, Baltazar Nunes explanou três cenários: no primeiro não se preveem grandes perturbações dos serviços de saúde e nos dois últimos podem surgir maiores dificuldades em dezembro/janeiro.
“O período de dezembro e janeiro é um período que temos de assinalar para preparação. Até lá estamos numa situação de grande controlo epidémico”, observou, concluindo: “Se se vier a observar redução da efetividade da vacina, pelo tempo ou por nova variante, há a possibilidade de uma onda epidémica com intensidade e impacte que ultrapasse as atuais linhas vermelhas”.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.888 pessoas e foram contabilizados 1.059.409 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
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