Incêndios: Xavier Viegas realça força das imagens captadas em Pedrógão Grande
O investigador Xavier Viegas disse hoje, em Pedrógão Grande, que as imagens do incêndio de 17 de junho captadas pela escola profissional local reforçaram o rigor do relatório que a sua equipa entregou ao Governo há um mês.
Obtidas por um sistema de quatro câmaras fixas que a Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal tem a funcionar no quartel dos Bombeiros Municipais daquele município do distrito de Leiria, “as imagens são muito objetivas”, declarou aos jornalistas o dirigente do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra.
“Se não tivéssemos estas imagens, muitas coisas teríamos de estar ‘a inventar’”, assumiu, realçando que o sistema disponibilizou “uma descrição muito mais detalhada” que permitiu verificar “o efeito que o fogo teve a partir das 18:00” e que apresentou “um incêndio incontrolável” a partir desse momento.
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Entre as 18:00 e as 21:00, disse, “já não havia nada a fazer”, sendo então “muito difícil o fogo ser contrariado” e evitar “uma grande tragédia humana”, que causou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos.
Instalado por alunos da Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal, sob orientação do professor Ricardo Pereira, o sistema de videovigilância de fogos florestais deverá ser melhorado e alargado, numa segunda fase, aos municípios vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, reafirmou o responsável do projeto.
Para avançar com a nova fase do projeto, apresentada hoje, “é necessário um investimento que ronda os 15 mil euros”, revelou esta semana à Lusa Ricardo Pereira, docente daquele estabelecimento de ensino na área das telecomunicações.
Criado com a participação de estudantes do 12.º ano, na sequência de uma candidatura premiada pela Fundação Ilídio Pinho, do Porto, o posto de vigia eletrónico dispõe de quatro câmaras de vídeo, que filmaram os incêndios de Pedrógão Grande e Sertã, nos dias 17 de junho e 15 de outubro, respetivamente.
Trata-se de um projeto “com grande relevo e impacto nacional”, disse aos jornalistas Xavier Viegas, que interveio na conferência “A tecnologia nos fogos florestais”, no auditório daquela Escola Profissional.
O trabalho da equipa liderada por Ricardo Pereira demonstra que “é possível fazer coisas válidas” fora de Lisboa e outros grandes centros urbanos, considerou Xavier Viegas.
Além deste professor catedrático da Universidade de Coimbra, o programa contou a participação de representantes de corpos de bombeiros, Escola Nacional de Bombeiros, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Autoridade Nacional de Proteção Civil, Marinha, Polícia Judiciária, GNR e Ministério da Educação, entre outras entidades.
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