Coimbra

Incêndios: Especialistas defendem que meios aéreos “não são determinantes”

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 15-05-2018

 

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Especialistas em incêndios florestais consideraram hoje que os meios aéreos “não são determinantes” no combate aos fogos e funcionam apenas como “um complemento” às equipas terrestres, devendo ser feita aposta nestas estruturas.

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“Os meios aéreos são sempre um grande polo de interesse e mediático, mas de facto a sua contribuição para o combate aos incêndios depende muitíssimo daquilo que acontece com os meios terrestres”, disse Francisco Rego, professor do Instituto Superior de Agronomia e também membro da comissão técnica independente que fez os relatórios sobre os incêndios de Pedrógão Grande e de outubro de 2017.

O especialista participou num congresso promovido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa sobre segurança e democracia na sessão dedicada ao tema “A Reforma da Proteção Civil em Portugal: lições de um ano depois” e frisou que os meios aéreos “são um complemento, mas não determinantes”, devendo-se estar “focado muito mais” nas equipas terrestres e de combate rápido, que “podem fazer a diferença em relação ao início dos grandes incêndios”.

Aos jornalistas Francisco Rego adiantou que os meios aéreos não voam à noite, nas condições mais extremas têm dificuldades em voar e, muitas vezes, os retardantes são lançados sem a qualidade que é necessária para controlar o próprio incêndio.

O combate aos incêndios teve hoje o primeiro reforço de meios com a entrada em vigor do agora denominado “nível II”, mas dos 32 meios aéreos previstos apenas estão disponíveis 13.

Sobre esta ausência de meios aéreos, Francisco Rego referiu que “é uma questão que se justifica” ter em linha de conta, mas deve ser “a terceira ou quarta” das perguntas a fazer neste momento.

“A questão da coordenação, preparação dos agentes, comando, formação e equipamentos das equipas terrestres são muito mais fundamentais e determinantes para o combate do que a existência dos meios aéreos”, afirmou.

Também presente no mesmo debate, o ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses Duarte Caldeira considerou que “não se apagam incêndios florestais com os meios aéreos”, sendo “um mito esta problemática” à volta das aeronaves de combate aos fogos.

“Os meios aéreos são um poderosíssimo lobby económico em Portugal”, disse o também presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC) e coordenador do curso em Emergência e Proteção Civil da Universidade Nova de Lisboa.

Duarte Caldeira, que foi igualmente membro da comissão técnica independente, avançou que ao valorizar-se as aeronaves, está-se a fragilizar as soluções para as forças terrestres, que é onde se ganha o combate aos fogos.

Por sua vez, o especialista em incêndios florestais Domingos Xavier Viegas considerou que os “meios aéreos não são tudo, mas são um aspeto muito importante”.

“São necessários, são importantes, sobretudo quando eles faltam há uma grande falta de ânimo das pessoas, das populações e até das forças de combate”, disse o responsável do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra.

O especialista disse ainda que atualmente está mais preocupado com “a falta de organização do que com a falta de meios aéreos”, além de defender que Portugal devia ter meios próprios para não estar reféns desta situação.

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