A vida não se explica com uma crónica. Estamos rodeados de pessoas que querem o bem comum, ou o seu próprio bem, só não conseguimos distinguir quem é quem. O meu argumento é tentar aperfeiçoar-me sem negar a realidade. Lembro o escritor brasileiro, Luís Fernando Veríssimo: “o único engajamento político que se deve pedir a um artista é o de retratar a estupidez humana e usar a sua criação como testemunho contra. Se não fosse pelo artista, a crueldade da história não deixaria vestígios”.
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Alguns territórios não permitem que eu seja livre e por norma desisti de questionar para poupar energia e saúde. Penso que a minha atitude tenha a ver com desinteresse e com a ocasião. Os serviços mínimos, também, se prestam para desumanizar.
Ontem fiquei horas a tentar falar para uma instituição que não atende. Não seria um problema se eu não estivesse há um ano e meio a tentar. Aliás, eu não aceito a afirmação de Fernando Pessoa, “de que viver é resolver problemas”, pois a impressão é de que não faço outra coisa e, por esse motivo, talvez, a minha alma se tenha apoucado.
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Sem qualquer expetativa, dia após dia, sem visualizar o resultado, a preocupação torna-se uma fadiga. A ingenuidade em acreditar nas pessoas e nas instituições nomeadas por elas, para tratar de assuntos, como direitos e deveres do cidadão comum, é o que mantém os sistemas que não funcionam. Peço licença para falar por vós, somos ingénuos.
Nada é tão voraz quanto a realidade que impõe uma regularização, mas sem meios adequados para o fazer. O prejuízo é contabilizado pelo tempo em que se dedicou a essa causa. Há uma multidão de solitários invadidos diariamente pela incapacidade de realização. Como lidamos com a frustração? Talvez, ignorando-a para continuar a jornada, e pensando que amanhã seja um dia de sorte, com a ideia de nos mantermos fiéis ao sistema, porque a humanidade parece não aprender um caminho diferente.
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Não basta mudar o nome das instituições para que haja resultados. Nem estou a pensar que os funcionários das instituições não façam o seu melhor. Não acredito em greve de zelo para prejudicar ninguém. Mas, a realidade demonstra a incapacidade dos serviços para responderem as solicitações, principalmente na Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA).
OPINIÃO | ANGEL MACHADO – JORNALISTA
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