Economia

Imobiliário acredita que avanço das residências de marca não irá encarecer habitação

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 horas atrás em 09-03-2025

O setor imobiliário não acredita que o desenvolvimento, em Portugal, do segmento das residências de marca possa contribuir para aumentar os preços da habitação, tendo em conta que são para um mercado de luxo, sem impacto nas casas tradicionais.

As residências de marca, ou ‘branded residences’, são moradias ou apartamentos, mas com serviços tradicionalmente associados a hotéis, como alimentação, lavandaria, ‘babysitting’, entre outros.

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“O mercado das residências de marca é independente do mercado clássico de habitação. Não são produtos concorrentes por nenhum ângulo de análise. O preço das residências de marca continuará a subir enquanto a oferta andar atrás da procura, mas essa subida, só por si, não afeta o preço da habitação dos portugueses”, realçou Pedro Fontainhas, diretor executivo da Associação Portuguesa do Turismo Residencial e Resorts (APR), em resposta a perguntas da Lusa.

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Ainda assim, reconheceu, “o crescimento deste segmento pode suscitar preocupações relacionadas com a gentrificação e o aumento do custo de vida nas áreas envolventes”, destacando que “é possível que, à medida que o mercado se expande, surjam debates públicos e considerações políticas sobre o seu impacto nas comunidades locais, apesar de, normalmente, as zonas escolhidas para construir ‘branded residences’ já serem, à partida, zonas ‘prime’ estabelecidas ou em vias de o serem”.

Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII – Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários tem uma opinião semelhante. “Este tipo de ativos só funciona em ambiente ‘resort’, onde não há habitação, ou seja, onde não faz sentido haver habitação”, referiu. O dirigente associativo considera mesmo que o impacto é “zero”, porque “são localidades onde a habitação acessível jamais teria lugar”.

Por sua vez, António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP) acredita “em relação aos proprietários tradicionais”, este mercado não se apresenta como muito interessante. “Só realmente uma cadeia hoteleira que esteja equipada e já com tudo montado é que pode providenciar este serviço”, destacou, salientando que em relação ao proprietário tradicional o mais normal é disponibilizar apenas habitação e não outros serviços.

Questionado sobre se os proprietários poderiam estar a vender imóveis que depois seriam usados neste tipo de negócio, o líder da ANP não exclui que isso não aconteça “residualmente”, mas realçou que este conceito vem dos Estados Unidos e que, nesse país, “quando aparece este tipo de residências de luxo é sempre em áreas com uma paisagem deslumbrante, em que não há vizinhos ao pé”, algo que não é fácil em Portugal, com exceção de áreas como o vale do Douro.

Também para João Cília, presidente executivo (CEO) da imobiliária Porta da Frente Christie’s, este mercado não interfere com os preços da habitação. “Estes projetos são desenvolvidos em terrenos rurais ou urbanos destinados a comércio e serviços, onde se inclui o turismo”, destacou. Assim, realçou, “são terrenos que não poderão ser utilizados para habitação sem que haja uma alteração do PDM local”, ou seja, não impedem o aumento da oferta de habitação e “logo não têm impacto na tendência de subida de preços no mercado habitacional”.

A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), por sua vez, referiu que o público-alvo destas residências é sobretudo estrangeiro. “Tipicamente as ‘branded residences’ são muito atrativas para investidores internacionais uma vez que a marca hoteleira é uma garantia sobretudo em mercados menos consolidados”, disse, indicando que uma vez que o valor de compra “é bastante elevado, os estrangeiros com maior poder de compra acabam por ser o ‘target’ [alvo] destes projetos”.

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