Coimbra

Hotéis e restaurantes não ganham mais clientes com Coimbra da UNESCO

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 16-06-2014

A hotelaria e a restauração não sentem o impacto da classificação de Coimbra como Património Mundial, diz  Associação de Hotelaria e Restauração de Portugal, queixando-se da ideia que se mantém de que a cidade se visita em duas horas.

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“Acredito que haja muito mais gente a passar por Coimbra, mas não tomam o café, não usam o restaurante e não ficam nos hotéis”, disse à agência Lusa José Madeira, presidente da delegação de Coimbra da Associação de Hotelaria e Restauração de Portugal (AHRESP),  dono do Hotel Oslo, frisando que em 2013 – ano da classificação – registou-se uma queda média de 10% face a 2012 na taxa de ocupação das “principais unidades hoteleiras da cidade”, com a taxa a rondar os 55%.

Nesse mesmo ano, dos cerca de 12 hotéis sujeitos a um levantamento de dados por parte de José Madeira, “apenas duas unidades subiram” na sua taxa de ocupação, sendo que, para 2014, não há perspetivas de que a situação melhore.

O impacto “na restauração também não existe”, com restaurantes da cidade “a fechar ou a despedir pessoal”, contou o responsável, sublinhando que o aumento do fluxo de turistas não conseguiu combater “a falta de poder de compra” dos portugueses, “que é o principal problema da restauração”.

“Há muito mais gente na cidade. Mas facilmente se veem os autocarros a chegarem às oito e nove da manhã, a descarregarem os turistas na Universidade e a apanharem-nos duas horas depois na Portagem”, observou.

Maria de Nazaré, subdiretora de um hotel na Baixa de Coimbra, considera que é um “orgulho” para a cidade a classificação recebida há um ano.

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Porém, para além de uma quebra de 10% na sua unidade, os clientes que chegam “não sabem que Coimbra é património mundial”.

“Persiste a ideia de que Coimbra se visita em duas ou três horas. Isso não é possível. Há todo um conjunto de espaços que deveria ser melhor promovido”, defendeu, referindo que a cidade “tem património construído e natural para muito mais” do que um dia de visita.

Já Pedro Domingo, gerente de um “hostel” perto da Sé Velha, considera que “houve um aumento” de número de clientes “depois da classificação”. Porém, comenta que “o aumento é gradual” e não dá certezas de uma relação com a classificação.

Elsa Stelling e Anja Ligtenbarg, de uma “guest-house” na Alta de Coimbra, contam que “não se nota o impacto da classificação” e que o número de dormidas “se mantém”.

“Nas feiras internacionais, toda a gente conhece Algarve, Madeira e Lisboa. Coimbra ninguém conhece. Tem que se apostar na imagem que se lança para fora”, sustentou Elsa Setelling, destacando a necessidade de o turismo se dirigir para “indivíduos e casais”, que “ficam mais do que uma noite”.

Vitor Marques, da Associação para a Promoção da Baixa, destacou um “maior número de turistas nas ruas” da cidade, assim como de “mais lojas abertas” entre a Portagem e a Rua da Sofia, considerando que a classificação deu “uma nova vida à Baixa”.

Também Carlos Veiga, presidente da Associação para o Desenvolvimento e Defesa da Alta, notou “um aumento de movimento”, congratulando-se por a classificação dar “uma oportunidade” para o aprofundamento “da gestão urbanística” e da ligação entre autarquia e universidade.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) decidiu a 22 de junho de 2013 integrar o conjunto Universidade de Coimbra, Alta e Sofia na lista de monumentos considerados Património Mundial da Humanidade.

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