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Hospital de Coimbra recusa medicamento inovador a jovens de 13 e 14 anos com Hemofilia A grave
Duas crianças de 13 e 14 anos, com Hemofilia A grave, viram o pedido de prescrição da médica que os acompanha ser recusado pela administração do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), por esta não integrar, agora, o Centro de Referência para o tratamento de doenças raras.
Os familiares dizem-se discriminados e o advogado da médica garante que “é o assédio levado ao extremo”.
Segundo o Diário de Notícias (DN), a família e advogado da médica questionam a recusa do medicamento e a decisão da administração do CHUC, que foi sustentada num protocolo aprovado já depois da prescrição do fármaco por parte da médica a estas crianças. “Se não existisse este protocolo as crianças poderiam receber o medicamento”, referiu o jurista.
Perante a notícia, o bastonário dos médicos afirmou ao jornal ter pedido explicações, com caráter de urgência, à administração hospitalar, à direção clínica e ao diretor do serviço em que esta médica está integrada, para a informação ser remetida ao Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos do Centro e este “avaliar se há matéria que possa ser suscetível de procedimento disciplinar”.
Carlos Cortes considera que são duas questões prementes: “Não quero desvalorizar nenhuma, mas, quando está em causa medicação e a saúde de doentes, as respostas das instituições e da própria ordem têm de ser mais céleres. Vamos ver o que o hospital nos diz”, pode ler-se.
De acordo com a informação a que o jornal teve acesso, as duas crianças estão impossibilitadas de tomar um medicamento, Emicizumab, autorizado pelo Infarmed no dia 2 de fevereiro deste ano, que melhoraria muito a sua qualidade de vida, por a médica que os acompanha não integrar, neste momento, o Centro de Referência para Doenças Raras.
O advogado da médica destacou, na semana passada, que “as crianças estão a ser tratadas com um fármaco que exige a ministração de Fator VIII entre três a quatro vezes por semana e que o outro medicamento permitiria que fosse uma vez por mês”, recordando ainda que “Maria é médica especialista graduada em doenças raras, nomeadamente do sangue, e foi o seu currículo com vasta experiência na idade pediátrica que permitiu a criação do centro”. “Se não fosse o currículo dela, o centro não existia porque não havia ninguém no serviço com a sua experiência em doentes pediátricos”, sublinhou.
As famílias das crianças, que expuseram o tema à anterior administração do CHUC, já que a nova tomou posse a 1 de novembro, solicitando a distribuição do medicamentos aos filhos, aguardam ainda por respostas, sendo que o CHUC teve uma semana para responder às questões enviadas pelo DN sobre a recusa do medicamento, sobre o protocolo aprovado após a prescrição e sobre o assédio laboral à médica em causa, mas não o fez.
Acabou por ser emitido uma nota para outros órgãos de comunicação onde referia: “Demonstramos total empatia para com as crianças e os seus pais. As crianças encontram-se a seguir o plano terapêutico de acordo com o protocolo aprovado e avaliação clínica. Os protocolos clínicos são reavaliados de acordo com a evidência clínica”, confirmando que, “neste momento, o CHUC trata 20 crianças com hemofilia grave. O tratamento destas crianças obedece a um protocolo terapêutico aprovado pela respetiva Comissão de Farmácia e Terapêutica, sob proposta do Centro de Referência. Todos os doentes seguem este protocolo terapêutico. Das 20 crianças em seguimento, 14 encontram-se a receber tratamento com fator VIII e seis Emicizumab.”
O vice-presidente destacou ao jornal que esta é uma situação que os preocupa, porque, “não está a ser tido em conta o melhor medicamento para tratar as crianças”.
Por isso, faz um apelo: “Recomendamos às pessoas que sejam tratadas nos centros de referência para este tipo de doença, porque reestruturações nos serviços podem existir sempre.”
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