Um caso trágico nos Estados Unidos levou à morte de um paciente que, após receber um transplante de rim, contraiu a raiva, uma doença rara e fatal.
O incidente ocorreu em dezembro, quando um homem de Michigan recebeu um rim transplantado no Centro Médico da Universidade de Toledo (UTMC), em Ohio. Embora inicialmente tudo parecesse correr bem, o paciente faleceu em janeiro após desenvolver sintomas da doença.
Investigações subsequentes revelaram que o dador do rim estava infetado com o vírus da raiva no momento da sua morte. As autoridades de saúde confirmaram que o dador, que havia sido exposto ao vírus por um animal selvagem, não apresentou sintomas típicos de raiva antes do seu falecimento e não notificou as autoridades sobre a exposição.
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A raiva é uma doença fatal que afeta o sistema nervoso central dos mamíferos, incluindo os seres humanos. Embora o vírus seja geralmente transmitido pela mordida de um animal infetado, como um morcego ou cão, ele também pode ser transmitido através de feridas abertas ou arranhões. O tempo entre a exposição ao vírus e o aparecimento dos sintomas pode variar, mas geralmente ocorre mais rapidamente quando a ferida está perto do cérebro.
Os sintomas iniciais da raiva incluem febre, dores de cabeça e fraqueza, mas rapidamente evoluem para problemas neurológicos graves, como confusão, alucinações, paralisia, coma e, eventualmente, morte. Nos Estados Unidos, os morcegos são responsáveis pela maioria dos casos de raiva em seres humanos, enquanto em outras partes do mundo, os cães domésticos são os principais transmissores da doença.
Este caso trágico é o primeiro registo de raiva humana em Michigan desde 2009, e coloca em evidência a complexidade dos transplantes de órgãos, que, embora em geral sejam extremamente seguros, envolvem riscos imprevistos. Após o transplante do rim, os médicos também implantaram enxertos de córnea de olhos do mesmo dador em outros três pacientes. Felizmente, todos esses pacientes foram vacinados contra a raiva logo após o transplante e estão fora de perigo, como se pode ler no ZAP.
O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) trabalhou em conjunto com as autoridades de saúde de Missouri para garantir que um quarto enxerto de córnea não fosse transplantado, prevenindo mais potenciais infecções.
Apesar da rigidez dos testes realizados aos órgãos transplantados, os especialistas explicaram que os exames para detectar doenças raras como a raiva podem demorar vários dias para serem concluídos, enquanto os órgãos precisam ser transplantados rapidamente para garantir a sua viabilidade. O professor Daniel Kaul, da Universidade de Michigan, destacou que embora casos como este sejam extremamente raros, o risco de não receber um transplante em caso de falência de órgão é significativamente maior do que o risco de infecção por doenças raras.
Este incidente, apesar de trágico, não deve desencorajar os pacientes a procurarem transplantes de órgãos, pois os benefícios de um transplante em situações de necessidade extrema continuam a superar amplamente os riscos associados a esses procedimentos.
O caso reforça a importância da vigilância rigorosa e dos testes adequados nos processos de transplante, além de alertar para a necessidade de precauções adicionais quando se trata de doenças raras e difíceis de diagnosticar, como a raiva.
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