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Herbário da Universidade de Coimbra com 800 mil plantas arrisca-se a fechar

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 27-02-2014

A curadora do Herbário da Universidade de Coimbra, Fátima Sales, alertou hoje que o espaço, com um espólio de 800 mil plantas, se “arrisca a fechar”, caso não se encontre um sucessor para a sua única funcionária.

Fátima Sales, docente do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, a desempenhar funções de curadora do herbário disse que a única funcionária daquela instituição vai reformar-se este ano.

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Manuela Santos é a única funcionária do Herbário da Universidade de Coimbra desde 2004 embora trabalhe naquele local há mais de 40 anos.

Fátima Sales considerou que, para a dimensão da coleção, “deveria haver 10 funcionários”, lamentando que, este momento, “não haja contratações.

A também docente do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, recordou que, face aos cortes sucessivos na universidade há “repercussões no aumento da coleção”.

Perante a atual situação, o herbário teve já que “rejeitar os pedidos do estrangeiro de material” para estudar, informou Fátima Sales.

“A situação do herbário de Coimbra é preocupante por este ter um potencial enorme”, avisou a curadora, sublinhando que o espaço é um “dos cinco grandes herbários da região mediterrânica”.

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Agora, “os 800 mil exemplares vão-se fechar atrás de umas portas”, constatou.

Fátima Sales salientou ainda a “dedicação enorme” de Manuela Santos, que “pediu o adiamento da reforma o máximo possível”, para “ter mais algum tempo” no herbário, mas, até ao final do ano, a funcionária deve abandonar o espaço.

Manuela Santos está responsável por atendimentos a pedidos de material, registar os mesmos, pedir exemplares do estrangeiro para serem estudados e receber visitantes.

Quando Manuela entrou, há mais de quatro décadas, eram 14 pessoas a trabalhar no espaço.

“Custa-me muito dizer adeus”, contou a funcionária à agência Lusa, à margem de uma das “muito raras” aberturas ao público do herbário, que decorreu na quinta-feira ao fim do dia.

Durante a visita guiada, Fátima Sales foi contando a história do espaço a cerca de 50 pessoas que se deslocaram ali para conhecer as plantas guardadas nos mais de cinco mil cacifos, algumas de 1780, cem anos antes da criação do herbário, em 1880.

As plantas, que podem vir de países tão distintos como Japão, Brasil ou Egito, estão secas e coladas em papel, sendo agora usadas técnicas e materiais específicos, explicou Fátima Sales, apesar de algumas ainda estarem guardadas em folhas de jornal.

O diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Luís Neves, questionado pela Lusa sobre a possibilidade do herbário fechar, afirmou estar “ciente” da situação, admitindo, porém, que “a contratação é muito difícil no contexto atual”.

“Em 12 anos, a FCTUC passou de 430 funcionários para 160”, devido aos “cortes que se foram acentuando”, constatou Luís Neves, informando que está a ser “estudada alguma possibilidade interna” para garantir que o herbário mantém as portas abertas.

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