O Hamas está aberto ao estabelecimento de um governo palestiniano único para a Cisjordânia e Faixa de Gaza, afirmou hoje o líder do movimento islamita, Ismail Haniya.
“Recebemos muitas iniciativas em relação à situação interna [da Palestina] e estamos abertos à ideia de um governo nacional para a Cisjordânia e Gaza”, disse Haniya num discurso transmitido pela televisão.
O Hamas controla desde 2007 a Faixa de Gaza, onde o movimento islamita trava uma guerra com Israel, enquanto a Cisjordânia, onde também têm ocorrido incidentes com colonos e Exército israelita, é sede da Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas.
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Além da abertura para negociações no final da guerra, Haniyah afirmou que, “a cada dia que passa, a resistência e a confiança na vitória ficam mais fortes” e que Israel “está destinado à derrota”.
“Esta agressão terminará sob os golpes da resistência e da tenacidade do nosso povo. O ocupante não tem outra escolha senão submeter-se à vontade do nosso povo”, insistiu.
O líder político do Hamas, residente no Qatar, sublinhou igualmente que “a conspiração para deslocar [o povo palestiniano] não será alcançada”, após dois ministros israelitas de extrema-direita terem defendido uma saída voluntária dos palestinianos da Faixa de Gaza.
A expulsão de uma população do seu território é proibida pelas convenções de Genebra, que constituem os fundamentos do direito humanitário internacional.
No mesmo discurso hoje transmitido, o dirigente político referiu-se aos reféns israelitas em posse do Hamas, insistindo que só serão libertados de acordo com as condições do movimento islamita palestiniano.
“Os prisioneiros do inimigo só serão libertados nas condições estabelecidas pela resistência”, declarou Haniya.
O Hamas sequestrou cerca de 250 pessoas durante o seu ataque em solo israelita em 07 de 0utubro, das quais 129 ainda estão detidas na Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.
Anteriormente, o Hamas afirmou reiteradamente que só libertará os reféns quando Israel cessar a sua campanha militar na Faixa de Gaza.
Desde o início da guerra, os combates só foram interrompidos durante uma semana – entre 24 e 30 de novembro – numa trégua mediada pelo Qatar, Egito e Estados Unidos, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro, massacrando 1.140 pessoas, na maioria civis e incluindo cerca de 400 militares, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 22.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 57 mil, na maioria civis.
A maioria das infraestruturas do território está destruída e cerca de 1,9 milhões de pessoas, de acordo com a ONU, estão deslocadas, enfrentando uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
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