Crimes
Grupo “quase profissional” saca bitcoins recorrendo a práticas “do foro militar”
O grupo que roubou, no distrito de Castelo Branco, bitcoins no valor de três milhões de euros atuava de forma “organizada e quase profissional”, recorrendo a práticas “do foro militar”, afirmou hoje a Diretoria do Centro da PJ.
A PJ deteve hoje seis homens e uma mulher, com idades entre os 37 e os 52 anos, por suspeita de roubo agravado e sequestro no distrito de Castelo Branco, no âmbito da operação “Miragem”, que procurava desmantelar aquele grupo suspeito de dois roubos (um consumado e outro apenas tentado) no distrito de Castelo Branco, a cidadãos estrangeiros a residir em Portugal que possuíam carteiras de bitcoins (criptomoedas).
Segundo o diretor da PJ do Centro, Jorge Leitão, o grupo atuava de forma “organizada e quase profissional”, recorrendo a “algumas práticas de foro militar”, quer no tipo de abordagem às vítimas, quer na forma de se equiparem e manusearem armas (foram utilizadas armas de fogo nas duas situações registadas).
Questionado pela agência na conferência de imprensa dedicada a esta detenção, Jorge Leitão referiu que “tudo indica” que algum dos elementos detidos pudesse ter tido no passado “formação militar”.
Quer as vítimas quer os suspeitos dos crimes eram cidadãos estrangeiros, referiu, esclarecendo que os detidos residiam em Portugal ou tinham ligações ao país.
Na primeira situação de roubo e sequestro, o grupo conseguiu assegurar a transferência de bitcoins com um valor de mercado na altura de três milhões de euros, já no segundo caso, a transferência de cerca de 38 mil euros em bitcoins acabou por não se consumar, com a PJ a acreditar que ter-se-á registado algum tipo de problemas informático, esclareceu.
Naquele que é o primeiro roubo de bitcoins de que há registo por parte da Diretoria do Centro, Jorge Leitão salientou que poderá haver mais casos que não tenham sido denunciados, esperando que a publicidade do caso possa incentivar outras vítimas a relatar a sua situação.
Segundo o diretor da PJ do Centro, o grupo tinha atribuídos diferentes papéis a cada um dos seus elementos, com os sequestros e roubos a decorrer sempre durante a noite e no interior das habitações das vítimas.
Parte do valor roubado no primeiro caso, terá sido utilizado “em viagens, na aquisição de bens de elevado valor e automóveis de gama elevada”, referiu.
As detenções acabaram por surgir num momento em que a PJ acreditava que haveria o risco de os suspeitos fugirem do país, salientou.
Questionado pela Lusa sobre como eram identificados os alvos, Jorge Leitão referiu que ainda não é claro para a investigação qual o modo de operar do grupo, acreditando que pudesse haver algum conhecimento local ou a obtenção de informação através das redes sociais, que permitia ao grupo atuar de forma “extremamente organizada, extremamente profissional, em que todas as pessoas sabiam o que estavam a fazer, com frieza e ponderação”.
Questionado sobre a possibilidade de apreensão de carteiras de bitcoins dos suspeitos, o responsável referiu que estão a ser efetuadas “diligências no sentido de recuperação de ativos”, nomeadamente as criptomoedas.
Confira as declarações de Jorge Leitão, diretor da PJ do Centro.
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