Saúde

Grupo de empresas cria viseiras cirúrgicas para doar

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 25-03-2020

Dois empresários de São João da Madeira reuniram um grupo de 16 empresas que, representando a indústria de calçado e outros setores, pretendem criar 2.000 viseiras cirúrgicas ainda esta semana para oferecer a profissionais de saúde da região.

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A iniciativa partiu dos administradores das empresas Footure, de componentes para calçado, e Doss, de impressão digital para a mesma indústria, ambas sedeadas em São João da Madeira, concelho do distrito de Aveiro com cerca de 21.700 habitantes.

Tiago Gomes, diretor da Footure, explicou hoje à Lusa que a ideia nasceu da intenção de rentabilizar os recursos técnicos e humanos das duas empresas “numa fase em que há menos trabalho e havia oportunidade de se gerar valor, ajudando os profissionais de saúde e agentes de Proteção Civil que estão a lutar contra a covid-19”.

Após um primeiro apelo à cedência de velcro, vinil, elástico, espuma com autoadesivo e máquinas de costura, os responsáveis da Footure e Doss reuniram então “o suficiente para fazer esta semana 2.000 viseiras”, particularmente úteis por evitarem as feridas no rosto causadas pela fricção de máscara e óculos de proteção, por não distorcerem a visão do utilizador e por garantirem também maior salvaguarda quanto a contágio em procedimentos de aspiração médica de mucos acumulados nos pulmões.

“Umas empresas cederam fitas ou vinil, outras cederam máquinas e pessoal para as operar, etc., e, entretanto, já testámos os protótipos com profissionais de saúde e bombeiros para ter a certeza de que as viseiras cumprem os requisitos técnicos”, disse Tiago Gomes.

Cada item terá uma fita de aplicação com medida ajustável a diferentes tamanhos de cabeça e, no fim da semana, “a grande dificuldade vai ser definir a quem dar prioridade” na doação, já que, após o anúncio da produção destes equipamentos, “caíram pedidos de todo o lado”, sobretudo por parte de hospitais e centros de saúde.

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A grande procura por esse tipo de material é confirmada por Jorge Pinho, que, sendo um dos sócios gerentes da “Indubor – Embroidery & Clothes” e também membro da direção de uma corporação de bombeiros da região, disponibilizou as suas máquinas de bordados para coser ou cerzir as fitas das viseiras, oferecendo ainda os respetivos fios e linhas.

“Este tipo de material de proteção está a fazer muita falta a quem está no terreno e eu e o meu sócio sabemos que, nesta altura, os médicos e a Proteção Civil precisam de toda a ajuda que lhes conseguirmos dar”, defendeu.

Considerando que toda a matéria-prima e trabalho operacional estão a ser doados pelas empresas envolvidas, Tiago Gomes admite que esta produção excecional de viseiras se possa manter ativa para além da primeira remessa de 2.000 unidades, “se houver quem continue a ceder o material necessário” para o efeito.

De prejuízos na indústria, ainda não quer falar, mas antecipa: “Todo o setor do calçado está a ser afetado pela pandemia e os efeitos económicos disto vão continuar a sentir-se muito para lá do fim da doença, portanto o que queremos nesta fase é ajudar a tratar da saúde das pessoas, para sairmos desta crise o mais rápido possível e podermos começar a recuperar o resto”.

Além da Footure, Doss e Indubor, as outras empresas envolvidas no projeto são a Heliotêxtil, ERT, Procalçado, Flex2000, Olmar, Manuel Gonçalves Andrade, Sollini, Silva e Costa, Turtleshoes, Idepa, Artur Cortantes, Kingsley e Artepedick.

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