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Grupo de camponeses moçambicanos encontram quatro corpos. Dois estavam decapitados

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 24-03-2022

Um grupo de camponeses encontrou quatro corpos em avançado estado de decomposição, dois dos quais decapitados, numa zona de Cabo Delgado, norte de Moçambique, que tem sido alvo de rebeldes armados.

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A descoberta foi feita ao raiar do dia, na quarta-feira, por três camponeses que se dirigiam para campos de cultivo na aldeia de Malamba, distrito de Nangade, disse hoje um deles à Lusa.

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Dois dos corpos estavam decapitados, sinal de que “são terroristas os que os mataram”, disse.

Segundo a mesma fonte, os corpos foram sepultados no local onde foram descobertos devido ao estado degradado em que estavam.

“Abrimos quatro covas no mesmo sítio e enterrámos os corpos”, descreveu.

Uma outra fonte do mesmo grupo disse ainda à Lusa que a população continua a fugir das aldeias para a sede distrital, Nangade, por recear novos ataques.

“Os terroristas estão a fazer estragos, é por isso que a população foge”, relatou, acerca da violência entretanto confirmada pelo administrador local, Dinis Mitandi.

O distrito tem sido alvo de vários ataques desde fevereiro.

Nangade está entre duas partes distintas de Cabo Delgado: a nascente faz fronteira com Palma e Mocímboa da Praia, área dos projetos de gás e que tinha sido palco dos principais confrontos até 2021.

Do lado poente fica Mueda, que tem servido de refúgio para milhares de deslocados.

À medida que a ofensiva militar apoiada pelo Ruanda e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avança, ao libertar as zonas de Palma e Mocímboa da Praia, suspeita-se que os rebeldes estejam em fuga para distritos e províncias vizinhas, dando origem a estes novos ataques contra povoações.

A situação está a colocar pressão sobre o distrito de Mueda, onde estão cerca de 135.000 deslocados, com “a maioria dos centros de acolhimento sobrelotada e em breve a atingir a capacidade máxima”, disse está semana o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) num relatório sobre a situação em Cabo Delgado.

A província é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 859 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

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