A greve de três dias dos trabalhadores dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), que termina hoje, teve uma adesão “sempre acima dos 98%”, afirmou hoje um dirigente sindical.
A greve começou na segunda-feira e termina hoje é a segunda depois de dois dias em fevereiro, num calendário de luta decidido pelos trabalhadores dos SMTUC que aumenta um dia todos os meses até setembro, mês em que deverão realizar-se as eleições autárquicas, totalizando 44 dias de paragem.
“Hoje foi o dia em que saíram mais autocarros. Saíram seis, quando deveriam ter saído 104 autocarros”, afirmou à agência Lusa João Soares, delegado sindical nos SMTUC do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que convocou a greve.
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Segundo o responsável, também se registou a adesão de alguns funcionários de outros setores dos SMTUC, mas a luta esteve sobretudo concentrada nos motoristas, que exigem a reposição de carreira, medida dependente do Governo, e a aplicação de um suplemento de penosidade e insalubridade.
Questionado sobre se a queda do Governo minoritário da Aliança Democrática (AD) levaria os trabalhadores a suspender a luta agendada, João Soares referiu que irão analisar “o desenvolvimento desses acontecimentos”, estando previsto reunir os trabalhadores em plenário antes dos quatro dias de greve marcados para abril, para decidir o rumo da luta.
“Não deixaremos de ter Governo. Não temos um poder de decisão para questões mais complexas, mas poderemos trabalhar”, disse.
Para o delegado sindical do STAL, os trabalhadores aguardam também uma reposta da Câmara de Coimbra à exigência de aplicação de um suplemento de penosidade e insalubridade, que o gabinete jurídico do município considerou que não poderia ser aplicado aos motoristas.
“Se pensasse que não pudesse haver aplicação do suplemento nem pensávamos nisso. Há outras câmaras que o aplicam em funções que não estão expressamente na lei. Esperemos que os pareceres que o presidente da Câmara pediu deem um esclarecimento e venham com uma resposta positiva sobre o assunto”, afirmou.
A pouca atratividade dos salários pagos aos motoristas, que não têm uma carreira especializada, tem criado pressão sobre o serviço prestado pelos SMTUC, que já deu nota da dificuldade em contratar novos trabalhadores (tem mais de 40 vagas por preencher para 2025).
Na Assembleia da República, em 2020, dois projetos do Bloco de Esquerda e PCP para reposição da carreira de agente único foram rejeitados com votos contra do PS (com exceção de seis deputados) e Iniciativa Liberal e abstenções de PSD e CDS-PP.
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