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Gabriel Attal chega a primeiro-ministro da França após participar no encontro do Grupo Bilderberg em Lisboa

Frederico Duarte Carvalho | 12 meses atrás em 14-01-2024

É o mais jovem primeiro-ministro de França – 34 anos –, mas apesar da pouca idade, está já bem preparado pelos altos poderes mundiais para exercer o cargo. Prova disso foi o facto de, em Maio do ano passado, Gabriel Attal ter sido um dos participantes do encontro do Grupo Bilderberg, que teve lugar em Lisboa.

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O encontro de 2023 do chamado grupo dos “Donos do Mundo” – que, desde 1954 reúne, anualmente, políticos e empresários da Europa, Estados Unidos e Canadá –, ocorreu entre os dias 18 e 21 de Maio, no hotel Pestana Palace, na Ajuda, e foi organizado logisticamente pelo responsável português no comité permanente, Durão Barroso.

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Esta reunião internacional, que se realizada à porta fechada, debaixo de fortes medidas de segurança e sem o escrutínio da Imprensa sobre o conteúdo das conversas, é um fórum de debate mundial e, sobretudo, espaço para “net-working”, ou seja, criação de boas relações pessoais entre os participantes. É bastante comum que muitos dos seus convidados acabem depois por alcançar grandes postos nos seus países, como foi agora o caso de Gabriel Attal.

Na agenda do encontro de Lisboa estavam temas como Inteligência Artificial, sistema bancário, China, transição energética, Europa, desafios fiscais, India, política industrial e comércio, NATO, Rússia, ameaças transnacionais, Ucrânia e liderança norte-americana. Enfim, todo o mundo em debate à porta fechada. Entre os participantes mais sonantes, encontrava-se, por exemplo, o próprio secretário-geral da NATO, o norueguês Jens Stoltenberg, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e ainda a figura histórica de Henry Kissinger, que faleceu em Novembro passado.

Gabriel Attal, nascido a 16 de Março de 1989, participou no encontro de Lisboa na qualidade de ministro da Ação e Contas Públicas. Dois meses depois, tornou-se no ministro da Educação. O seu nome, contudo, segundo a opinião de alguns franceses estava já a ser preparado para se tornar no primeiro-ministro do governo do presidente Emmanuel Macron. A presença no encontro de Lisboa estava assim explicada.

O próprio presidente da França é outro político francês que conquistou altos cargos após ter participado numa reunião do Grupo Bilderberg. Macron era secretário-geral adjunto da presidência quando esteve, em Junho de 2014, no encontro na Dinamarca. Foi nomeado depois ministro da Economia, Indústria e Assuntos Digitais em Agosto desse mesmo ano. Foi eleito Presidente da França apenas três anos mais tarde, em Maio de 2017.   

Os convidados portugueses da mesma reunião na Dinamarca onde, em 2014, esteve Emmanuel Macron, foram o então ministro da Saúde, Paulo Macedo e a deputada socialista, Inês de Medeiros. Atualmente, Macedo é presidente da Caixa Geral de Depósitos e Inês senta-se na presidência da Câmara de Almada, na margem sul do Tejo.     

Portugal também teve casos idênticos de participantes de encontros do Grupo Bilderberg que chegaram depois a primeiro-ministro e Presidente da República.

. António Guterres era líder parlamentar do PS quando participou, pela primeira vez, numa reunião deste grupo. Foi em 1990, nos EUA, então a convite de Pinto Balsemão – o representante português no grupo desde 1984 e a quem cabia a escolha de dois participantes anuais em cada encontro. Guterres, dois anos depois, tornou-se secretário-geral do PS e chegou a primeiro-ministro em 1995, derrotando Fernando Nogueira.

Durão Barroso, o sucessor de Guterres na chefia do governo, em 2002, participou pela primeira vez num encontro do Grupo Bilderberg em 1994, na Finlândia, quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. José Sócrates, que chegou a primeiro-ministro em 2005, participara no encontro do ano anterior, em Itália, juntamente com Santana Lopes, o candidato derrotado por Sócrates nas urnas. Ambos foram escolhas de Balsemão, que, apesar de ser social-democrata, sempre apostou nos partidos do Bloco Central para seus convidados.

O atual primeiro-ministro português, António Costa, cujo nome começa também agora a ser aventado para futuro presidente do Conselho Europeu, também é uma pessoa que passou pelo “crivo” de Bilderberg antes de chegar a chefe do governo. Era presidente da Câmara de Lisboa quando, em 2008, Balsemão o convidou, juntamente com o então presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, para o encontro que, nesse ano, teve lugar em Washington. Os caminhos de Costa e Rio viriam depois a cruzar-se, com mais ganhos para o socialista do que para o social-democrata.

Jorge Sampaio, antigo líder do PS que chegou a Presidente da República em 1996, esteve no encontro de 1989, em Espanha. Foi também o anfitrião de honra na reunião de 1999, que teve lugar em Lisboa, na Penha Longa. O atual ocupante da cadeira de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa, participou na qualidade de líder do PSD no encontro de 1998, no Reino Unido. Todos a convite de Pinto Balsemão.

Desde que, em 2015, Balsemão cedeu o seu lugar de membro permanente a Durão Barroso, os convites a políticos portugueses têm sido mais raros. Barroso, que agora é  presidente dos International Advisors da Goldman Sachs, passou a privilegiar pessoas do ramo financeiro, como Carlos Gomes da Silva, que era o vice-presidente da Galp Energia quando esteve no encontro de 2016, na Alemanha. Também levou o amigo José Luís Arnaut ao encontro do ano seguinte, nos EUA. A dona do grupo Amorim, Paula Amorim foi uma das escolhas na reunião de 2018, em Itália, juntamente com Isabel Mota, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.    

Em 2019, para o encontro que teve lugar na Suíça, Barroso fez um convite político com cariz significativo para o futuro: Fernando Medina, então presidente da Câmara de Lisboa. Após ter perdido as eleições autárquicas de Setembro de 2021 para Carlos Moedas, Medina foi escolhido por António Costa para o cargo de ministro das Finanças após a vitória do PS nas eleições antecipadas de Janeiro de 2021.

Fernando Medida, que não se candidatou a líder do PS no seguimento da demissão de António Costa, anunciado a 7 de Novembro de 2023, é um nome que os socialistas mantém na “reserva” caso Pedro Nuno Santos não consiga vencer as eleições de Março próximo e seja obrigado a demitir-se da liderança, provocando novas eleições internas entre os socialistas e que, quem sabe, poderia catapultar Fernando Medina para o cargo de primeiro-ministro.  

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