Justiça

Funeral, estendal e caixote do lixo: A fuga digna de filme de Vale de Judeus

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 25-04-2025

Imagem: DR

Um estendal improvisado, um funeral fora dos planos e 187 câmaras de videovigilância sem supervisão eficaz. Parece um guião de cinema, mas foi o cenário real da fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, a 7 de setembro de 2024.

A fuga, entretanto resolvida com a recaptura dos detidos, está agora documentada numa auditoria interna da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), cujas conclusões sustentam um processo disciplinar contra nove elementos da cadeia, informa o Correio da Manhã.

Entre os visados encontram-se sete guardas, um chefe e o próprio diretor do estabelecimento, agora sob proposta de suspensão por indícios considerados fortes de infração aos deveres disciplinares. Os acusados têm um prazo de 20 dias para apresentar a sua defesa.

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Segundo consta no processo ao qual aquele jornal teve acesso, dois guardas solicitaram ausência temporária para comparecer ao funeral de um amigo, o que foi autorizado sem reajuste da escala nem aviso aos restantes colegas, num serviço já então debilitado. Durante esse período, dois dos reclusos conseguiram colocar peças de roupa volumosas num estendal improvisado junto à ala D, com o intuito de obstruir a visibilidade, uma manobra que se repetiu na ala B, onde se encontrava o quinto evadido.

Ainda de acordo com a acusação, os detidos utilizaram contentores de lixo como apoio para transpor o primeiro muro da prisão. No exterior, cúmplices posicionaram escadotes junto à vedação, o que permitiu a fuga completa. Apesar de todas estas movimentações terem sido captadas pelas câmaras de videovigilância (187 no total), nenhuma das ações foi detetada pelos guardas responsáveis pela sua monitorização.

Em resposta à polémica, a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, referiu que o processo disciplinar ainda está em curso e que será concluído em breve. Foi a própria ministra a ordenar a realização da auditoria interna, cujas conclusões completas ainda não são públicas.

O relatório da DGRSP é claro ao afirmar que houve incumprimento de várias instruções, incluindo diretivas escritas, resultando na ausência de vigilância eficaz – tanto presencial como por videovigilância – e facilitando, assim, a fuga.

No decurso do processo, apenas Fernando Ferreira, um dos reclusos envolvidos, prestou depoimento. Do lado dos acusados, apenas o diretor e o chefe de serviço aceitaram ser ouvidos até ao momento.

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