Opinião
Fujam!
“Oh Ilda, mete os putis na barraca que isto vai dar porrada não tarda nada”, era indicativo de programa na RDP, sim antes do rebranding, creio que editado por Paulinho Coelho.
Nunca uma frase fez tanto sentido como agora. Ou, como o título deste jornal, numa notícia neste Sábado, “ninguém quer ser nadador-salvador”.
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Os dias andam aflitos, o défice das contas não pára de ser inflacionado, os juros dos empréstimos que sustentam a dívida pública e que o outro dizia ser para gerir, atiçados pelos ecos e agora, esse grito, essa tamanha nódoa, um anátema, ou elogio, de quem veio fazer da segurança interna “fator de competitividade social e também económica de Portugal”.
Competir socialmente? Parece-me antes que está tudo bem organizado para irmos votar de toalha de banho, chinelos e tanga. Todos os dias temos um novo episódio da interminável saga, quanto pior melhor.
É o horror, agora nas casas, ninguém contente, nem proprietários, nem inquilinos, palco para foguetório, e os berros do reforço dos “mecanismos de imigração legal”.
Diz o regressado, e desejado, de Alcácer-Quibir que “é impossível combater a imigração ilegal sem levar a imigração legal a sério”.
Embarcado num caminho a solo, não observa que depois de anos de missões militares, continuas e permanentes, em São Tomé e Príncipe, aqueles mares foram tomados pela Rússia, que se achegou ainda à Guiné-Bissau. Conto contigo, afinal, parece uma martelada na Defesa, que levou séquito ao Alfeite, mas nem de meios, nem de navios, nem de nada.
País incerteza, parece boa morada para esta República, onde até o Carlinhos das Moedas vem queixar-se e eu, que tive que ir a Lisboa nesta semana de obséquio, constato que nas zonas turísticas, upa, um mimo. Já nas zonas residenciais, fujam, parece que estamos em Lagos, não o do Reino dos Algarves, mas o das Áfricas.
Ele é a obra e a doutrina, o homem abarbata tudo e clama com esse “drama humanitário” que se deve à imigração, pois claro, que sem ela fechavam as fábricas e ninguém apanhava os mirtilos.
Incerteza, improviso, premonição, tiro à dívida, que crime, querer pagar o que se deve e, olha, espanto, tanta falta de investimento em barragens, água, condutas e descobre-se que a Águas de Portugal bota ouro das torneiras e com uma energia própria.
São cem milhões ano de lucros, num país carenciado, de quem não espera, com os mesmos ingredientes, fazer receitas diferentes.
Felizmente há um censor que centraliza o radar, um capitão ao leme, o outro encalhou a piroga, entretido na vida dupla, da coscuvilhice e do mando.
Uma dualidade a que falta tempo para construir a obra.
Que não se vê, tamanha a limpeza que por aí vai.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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