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Fraude académica

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 02-05-2014

A predisposição para a fraude académica no ensino superior em Portugal é maior nos estudantes do sexo masculino, com menor média e cujos agregados familiares têm rendimentos mais elevados, conclui um estudo da Universidade de Coimbra (UC).

“Em Portugal, a predisposição para cometer fraude académica é maior nos estudantes do sexo masculino” e nos “alunos cujo percurso pré-universitário foi maioritariamente feito em escolas privadas”, revela em estudo que está a ser desenvolvido pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da UC.

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A fraude académica também é cometida com mais frequência por alunos com “menor média” e cujos pais “têm maior grau de escolaridade e o agregado familiar rendimentos mais elevados”, conclui a mesma investigação, que envolveu “uma amostra de 7.292 alunos de licenciatura ou mestrado integrado”, refere uma nota da UC hoje divulgada.

Os estudantes inquiridos são “todos de nacionalidade portuguesa e com pelo menos dois anos de matrícula em instituições de ensino superior público e privado”, nas áreas científicas com maior número de inscritos, nomeadamente economia e gestão, engenharias, medicina, enfermagem, direito, comportamento humano e artes e ensino (formação de professores), adianta a mesma nota.

Coordenado pelo investigador Filipe Almeida, o estudo visou “analisar a atitude e a opinião de alunos e professores perante situações de fraude académica no ensino superior, de modo a identificar culturas de fraude, padrões de tolerância à fraude, frequência com que é praticada e os motivos e os inibidores da transgressão”.

Sobre a prática de fraude, “73% dos inquiridos admitem que apresentariam o mesmo trabalho em diferentes disciplinas, enquanto 65,3% assumem que forneceriam respostas a um colega no exame”.

Mas, ainda de acordo com os resultados da pesquisa, “88% dos alunos declaram que não compraria trabalho a um colega” e 78,5% asseguram que “não aceitariam beneficiar de nota coletiva sem ter participado no trabalho de grupo” respetivo.

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“A fraude académica do aluno do ensino superior tem, em si mesma, uma implicação moral delimitada pela honestidade perante a instituição, pela lealdade perante os colegas, pela transparência perante os professores e pela dignidade individual perante si próprio”, sustentam os investigadores responsáveis pelo estudo, que, neste contexto, pretenderam “avaliar a conduta do aluno e a sua perceção sobre os limites da moralidade” no meio académico.

A “formação universitária pode desempenhar um papel decisivo na consolidação de um sistema de valores morais alinhado com um padrão ético exigente”, mas “também pode estimular condutas vulneráveis à transgressão e à ação imoral”, salientam os investigadores.

Este estudo revela-se, por isso, “essencial para compreender o papel da educação formal na estruturação de uma ética pessoal enquanto fator que antecede e influencia a conduta moral no contexto profissional futuro”, sustentam os seus autores.

Os primeiros resultados da pesquisa, que foi alargada a Espanha e ao Brasil, vão ser apresentados, em Coimbra, no colóquio ‘A ética dos alunos e a tolerância de professores e instituições perante a fraude académica no ensino superior’, que vai ter lugar nos dias 08 e 09 de maio, na Faculdade de Economia da UC.

Desenvolvido ao longo dos últimos três anos, o estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

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