O folar de linguiça é presença obrigatória na mesa de Páscoa dos pouco mais de 60 habitantes da freguesia da Fajãzinha, nos Açores, uma tradição que rivaliza com o tradicional bolo de massa com ovos.
Ilda Henriques, de 60 anos, residente na Fajãzinha, freguesia das Lajes das Flores, orgulha-se de preservar a tradição que herdou da família.
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“Sim, ainda mantenho essa tradição. Já vem dos meus avós, da minha mãe, dos meus sogros. Fazíamos sempre o folar com linguiça, em vez dos ovos, para o dia de Páscoa de manhã”, contou à agência Lusa.
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A origem da iguaria é desconhecida, mas uma coisa é certa: não há um domingo de Páscoa sem folar de linguiça à mesa do pequeno-almoço da grande maioria das famílias da freguesia da Fajãzinha, com 65 habitantes.
“Cada pessoa faz para si. Não digo que se faça em todas as casas, mas eu continuo sempre a fazer. E, enquanto puder, farei sempre. O meu marido e o meu filho estão sempre a perguntar pelo folar de linguiça”, assegurou Ilda Henriques.
Os ingredientes da massa são praticamente os mesmos da do tradicional folar com ovos: farinha, manteiga, açúcar, limão, noz-moscada, fermento e ovos.
“Abre-se uma crista com a tesoura na massa e coloca-se a linguiça e torna-se a cobrir com a mesma massa e vai ao forno”, descreveu Ilda Henriques, assinalando que o folar fica durante “meia hora a cozer no forno de lenha”.
A residente na ilha das Flores não escondeu temer que a tradição possa desaparecer, assinalando que cada vez “há menos pessoas a residirem na freguesia”.
Pela parte que lhe toca, não tem dúvidas: “fui criada assim, com esta tradição. No domingo de Páscoa, o pequeno-almoço era o folar com linguiça. E este ano assim será de novo”.
Para o presidente da Junta de Freguesia da Fajãzinha, António Eduardo, esta é uma tradição que se deve valorizar e tentar perpetuar no tempo.
“Oxalá que não acabe a tradição. Mas, a população daqui [Fajãzinha] está envelhecida”, lamentou à Lusa António Eduardo, de 74 anos.
O folar de linguiça é também presença obrigatória na Páscoa da família de António Eduardo.
“A população aqui é pouca, somos 65 pessoas. Cada família confeciona nas suas casas o folar de linguiça. Não é para comércio”, explicou o autarca.
Embora algumas pessoas optem pela compra dos tradicionais folares com ovos, provenientes dos concelhos de Santa Cruz ou Lajes das Flores, o presidente da Junta de Freguesia da Fajãzinha garantiu que a tradição tem resistido ao tempo e ainda “não caiu em desuso”.
“É sempre assim, uns colocam ovos nos folares, mas muitas famílias optam por fazer o folar de linguiça”, acrescentou, já com os olhos postos na mesa do pequeno-almoço do próximo domingo.
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