“Se o fogo estiver perto, o mais prudente é ficar em casa”

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 21-06-2017

Em caso de proximidade de incêndio florestal, uma das piores opções é fugir de carro, defendendo os especialistas que as pessoas devem ficar em casa com as janelas e as portas calafetadas de forma a protegerem-se do fumo.

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Pegar no carro “é a pior coisa”, disse à Lusa o presidente da Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil (Asprocivil), Ricardo Ribeiro, considerando que esta opção é semelhante a optar por usar o elevador, em vez das escadas, em caso de incêndio num edifício.

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“A verdade é que quando tentamos fugir de carro, como aconteceu na estrada EN236, as pessoas entram numa área abrangida por fumos que alteram o funcionamento do veículo, assim como provocam a intoxicação por inalação”, explicou o presidente da associação e também professor na área da proteção civil.

“Quem não está habilitado a ter uma relação de trabalho com o incêndio como é o caso dos bombeiros não se deve expor”, frisou.

Perante um incêndio florestal próximo da residência, adiantou, deve-se assim não sair de casa para não se expor aos riscos, calafetar portas e janelas para evitar que o fumo entre e contactar o 117 ou o 112 ou ainda o corpo de bombeiros mais próximo.

Outra regra de segurança, frisou, é desligar o gás e a eletricidade (caso não comprometa as ligações telefónicas), ouvir rádio para ter informações do exterior e manter-se no piso mais baixo da habitação e com a cabeça o mais baixo possível.

Em matéria de prevenção, Ricardo Ribeiro defende que, antes dos incêndios, devem ser cumpridas regras obrigatórias por lei: fazer uma limpeza de 50 metros à volta da casa, retirando a capacidade de ignição e propagação do incêndio (mato e ervas), garantindo também que as copas das árvores não estejam a menos de cinco metros da casa e que, entre elas, haja pelo menos quatro metros de distância.

“São regras básicas a fazer como medidas de autoproteção contra o incêndio. Se tiver desenvolvido essas medidas, é pouco provável que a minha casa esteja em perigo”, explicou.

Ricardo Ribeiro, autor de uma tese de doutoramento que avalia o resultado de dez anos de aplicação do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, considera importante que as pessoas percebam que a segurança das suas casas também é uma responsabilidade de cada cidadão.

“Temos a obrigação de defender os nossos bens e a nossa vida”, adiantou.

O incêndio que deflagrou no sábado à tarde em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 150 feridos.

Quarenta e sete pessoas morreram na EN236.

O fogo começou em Escalos Fundeiros e alastrou depois a Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Desde então, as chamas chegaram aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Este incêndio já consumiu cerca de 26.000 hectares de floresta, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.

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