Saúde
Fim da vacina anticovid obrigatória para profissionais de saúde entre primeiras medidas de Meloni
As primeiras medidas do Governo italiano de Giorgia Meloni, hoje aprovadas em conselho de ministros, incluíram o fim da vacinação obrigatória anticovid para profissionais de saúde e o agravamento de penas para organizadores e participantes em festas ‘raves’.
Meloni protagonizou hoje a sua primeira conferência de imprensa como primeira-ministra, para informar sobre as medidas aprovadas e comunicar a nomeação de 31 subsecretários e oito vice-ministros.
Neste primeiro conselho de ministros, foi aprovado o fim a partir de terça-feira, 01 de novembro, da obrigatoriedade de vacinação dos profissionais de saúde contra a covid-19 em Itália, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter alertado de que a pandemia não acabou, está a aumentar o número de casos de infeção, de hospitalizações e de mortes e de que existe uma correlação cientificamente comprovada entre temperaturas ambientes mais baixas e uma maior propagação do coronavírus SARS-CoV-2.
Contudo, o novo ministro da Saúde italiano, Orazio Schillaci, sustentou, na conferência de imprensa: “O panorama epidemiológico mudou, em particular a partir dos dados, podemos ver que o impacto nos hospitais é limitado e há uma diminuição das infeções e estabilização dos hospitais”.
A medida, muito criticada pela oposição, servirá também para reintegrar nos seus postos de trabalho cerca de 4.000 médicos e outros profissionais de saúde que não quiseram vacinar-se contra a covid-19 e ficaram, por isso, suspensos sem vencimento.
“Há falta de pessoal médico: portanto, o regresso destes médicos não-vacinados ao trabalho serve para combater a escassez e garantir o direito à saúde”, acrescentou o novo ministro da Saúde.
“Não há uma abordagem ideológica da pandemia”, disse a primeira-ministra italiana, que atacou a gestão do anterior executivo, assegurando que “houve uma infinidade de medidas tomadas pelos Governos que não estavam assentes em provas científicas”.
A reação do secretário-geral do progressista Partido Democrata (PD), Enrico Letta, foi: “O primeiro ato do Governo é premiar os antivacinas”.
Por outro lado, Meloni defendeu que “a luta contra o crime organizado é um dos objetivos do Governo”, razão pela qual foi aprovada uma lei que não permite conceder benefícios penitenciários aos presos ou reclusos que não colaborem com a Justiça.
Também foi adiada para 30 de dezembro a entrada em vigor do decreto legislativo com a reforma do processo penal aprovado pelo anterior Governo, para se poder fazer algumas melhorias, tendo o ministro da Justiça, Carlo Nordio, garantido que “não existe risco de perder os fundos europeus” relacionados com tais reformas.
Outra das medidas do novo Governo italiano é a criação de um novo crime, “o de invasão para reuniões perigosas”, que se refere à organização, entre outras coisas, de festas ilegais, as chamadas ‘raves’, como a última que se realizou em Modena (centro), em relação à qual o Ministério do Interior ordenou hoje à polícia que fosse evacuar o local onde decorria.
“Acreditamos, como acontece noutros países e noutras áreas, que a norma, uma vez implantada, possa ser um elemento dissuasor destes eventos”, explicou o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, sublinhando que a sanção para quem “organiza” uma ‘rave’ varia entre três e seis anos de prisão.
Na opinião de Meloni, este vazio legal permitia que os jovens de toda a Europa escolhessem Itália para organizar estas festas ilegais.
Entretanto, quanto à nomeação hoje anunciada na mesma conferência de imprensa de subsecretários e vice-ministros do novo Governo, um deles, o vice-ministro das Infraestruturas e Transportes, Galeazzo Bignami, membro do partido de extrema-direita – ou “pós-fascista”, como a líder, Giorgia Meloni, prefere que lhe chamem – Irmãos de Itália (FdI), é mais conhecido por uma foto datada de 2005 em que surge envergando uma farda nazi e uma faixa das SS no braço.
O Governo de coligação dirigido por Meloni, que tomou posse a 22 de outubro, é o mais à direita em Itália desde 1946. Após uma vitória histórica dos FdI nas legislativas antecipadas de 25 de setembro, esta romana de 45 anos tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra no país e subiu ao poder exatamente um século após o ditador Benito Mussolini, de quem chegou a confessar-se admiradora.
Com os seus parceiros de coligação, o dirigente populista e anti-imigração da Liga, Matteo Salvini, e o líder do Força Itália, o polémico ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, Giorgia Meloni dispõe de maioria absoluta nas duas câmaras do parlamento: Câmara dos Deputados e Senado.
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