Universidade

Filósofo defende “ética do cuidado” face à vulnerabilidade dos idosos

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 12-06-2014

O filósofo João André, da Universidade de Coimbra (UC), defendeu hoje “uma ética do cuidado” para responder à vulnerabilidade dos idosos, considerando insuficiente assegurar-lhes “aquilo que se dá aos outros” cidadãos.

“O vulnerável é marcado pela desigualdade, não bastando, para lhe responder, dar-lhe tudo aquilo que se dá aos outros seus iguais, mas sendo necessário dar-lhe algo mais”, disse João Maria André à agência Lusa.

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Na sexta-feira, o diretor do Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Universidade de Coimbra (UC) vai proferir a conferência inaugural de um programa comemorativo do 355.º aniversário da Venerável Ordem Terceira da Penitência de S. Francisco, uma instituição da cidade que presta apoio a idosos.

“O ser só, seja ele o idoso, o pobre, o imigrante, o sem-abrigo ou qualquer excluído é, por definição, um ser marcado pela vulnerabilidade. Ora, à situação da vulnerabilidade só uma ética do cuidado pode responder”, disse.

Frisando que uma ética da justiça “assenta na noção de igualdade”, de direitos e deveres, João André defendeu que, sendo o vulnerável “marcado pela desigualdade”, é necessário “dar-lhe algo mais”.

“O abrigo do nosso olhar, o abrigo do nosso ouvido, o abrigo da nossa palavra, o abrigo da nossa mão, o abrigo da nossa confiança e o abrigo da nossa estima”.

O filósofo vai dissertar sobre o tema “De uma antropologia da solidão a uma ética do cuidado”.

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João André enalteceu o exemplo da antiga primeira-ministra Maria de Lurdes Pintasilgo, por ter sido quem, em Portugal, “mais se distinguiu na defesa de uma ética do cuidado e de uma política do cuidado”.

Outra das conferencistas, Rita Alcaire, realçou à Lusa que a produção cinematográfica ocidental, sobretudo a de Hollywood, “ainda espelha pouco a realidade quantitativa” dos idosos na sociedade.

“Cabelos grisalhos no ecrã prateado – Representações das pessoas mais velhas no cinema comercial” é o tema da comunicação desta investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC.

Na sua opinião, a realidade do cinema comercial melhorou nos últimos 15 anos, com a participação de mais idosos nos filmes como protagonistas.

“Mas ainda existe muito a ideia de pessoas doentes, que não são úteis à vida e não têm participação na família”, lamentou Rita Alcaire.

Para assinalar os 355 anos da sua fundação e os 130 anos do lar, a Venerável Ordem Terceira, liderada pelo professor universitário Adelino Marques, promove na sexta-feira, em colaboração com o departamento da Faculdade de Letras da UC dirigido por João André, um programa, que começa às 09:15, subordinado ao tema “Pobres, assistidos e idosos ontem e hoje. Perspetivas multidisciplinares”.

Diferentes oradores abordarão o tema na perspetiva da religião, da filosofia, da antropologia social, da história da arte, da história, da medicina e da assistência social.

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