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Filha recorda “Pai da Nação” no funeral de Eduardo dos Santos e agradece apoio do Governo

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 28-08-2022

Uma das filhas mais novas do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos recordou hoje o progenitor, o “pai da nação”, e agradeceu o apoio do Governo à família na realização das cerimónias oficiais de exéquias fúnebres.

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Para Josiane dos Santos, uma das filhas da última mulher, Ana Paula dos Santos, que colaborou com o Governo na realização da cerimónia, José Eduardo dos Santos assumiu principalmente o papel de pai, “adotando uma nação inteira e logo o continente que o carrega”.

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“Em nome da minha família, agradeço a todos os presentes que se juntaram a nós para celebrar a vida do grande homem que perdemos”, disse, deixando um “reconhecimento aos membros do executivo que tornaram possível este dia”.

“É com o coração apertado e profunda tristeza, que hoje, como representante da família enlutada, estamos aqui todos presentes e unidos para prestarmos respeito ao nosso pai”, afirmou Josiane dos Santos, considerando que as “palavras não suficientes para descrever” a figura do progenitor.

“A saudade e a dor vêm em ondas, parte de mim se foi e não voltará”, afirmou Josiane dos Santos, que recordou o percurso de José Eduardo dos Santos.

“Não deixarei que usem o teu nome em vão, em benefício próprio” e “lutaremos as tuas batalhas com determinação”, avisou Josiane dos Santos, num discurso com a voz embargada e marcado pela emoção.

“Papá, as tuas lutas não foram em vão”, disse, recordando a “música e o desporto”, em particular o futebol, como as suas paixões.

“Os teus filhos levarão adiante o teu legado”, prometeu.

As cerimónias fúnebres do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos concluem-se hoje, data em que completaria 80 anos, com um funeral de Estado na presença de vários Presidentes, incluindo Marcelo Rebelo de Sousa, e representantes da diplomacia de diversos países.

O antigo chefe de Estado morreu em 08 de julho, com 79 anos, em Barcelona, Espanha, onde passou a maior parte do tempo nos últimos cinco anos, mas as exéquias só agora se vão realizar devido à disputa sobre a custódia do corpo entre duas fações da família de José Eduardo dos Santos – a viúva e os três filhos mais novos, apoiados pelo regime angolano, contra os cinco filhos mais velhos.

Nas cerimónias de hoje encontram-se Ana Paula dos Santos e os três filhos que teve em comum com o antigo chefe de Estado, bem como um outro filho, José Filomeno dos Santos “Zenu”, que foi condenado pela justiça angolana a uma pena de prisão pelo seu envolvimento num caso de corrupção e aguarda, em liberdade, decisão sobre o recurso que interpôs.

O funeral fica marcado também pela ausência das mediáticas filhas mais velhas do ex-presidente, a empresária Isabel dos Santos que enfrenta diversos processos na justiça angolana e em outros países, e a ex-deputada do MPLA, Tchizé dos Santos, que declarou o seu apoio ao candidato da UNITA à presidência angolana, Adalberto da Costa Junior, contra o candidato do MPLA e sucessor do seu pai na presidência, João Lourenço.

Presentes no funeral estão o presidente da UNITA, que chegou pelas 09:30 ao local, bem como líderes de outros partidos da oposição, bispos católicos, membros do executivo angolano e outras individualidades.

Só perto do início das cerimónias, atrasadas duas horas, é que a organização conseguiu preencher o auditório dedicado à população em geral, mas as arquibancadas do Memorial Agostinho Neto permaneceram muito despidas de pessoas.

A praça da República, onde se encontra o monumento fúnebre do primeiro Presidente angolano, no Memorial António Agostinho Neto, foi novamente escolhida para as cerimónias fúnebres, depois de ter acolhido um velório público sem corpo logo após a morte de José Eduardo dos Santos, durante um luto nacional de sete dias.

Hoje, haverá honras militares num programa que inclui música lírica, leitura de mensagens do Estado angolano e da família, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), da Fundação José Eduardo Santos e leitura do elogio fúnebre, bem como um culto ecuménico, acompanhado de grupos corais.

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