Desporto
Fernando Santos mostra-se “totalmente contra” superliga europeia
O selecionador português de futebol, Fernando Santos, manifestou-se hoje “totalmente contra” a criação da Superliga europeia, considerando que a prova vai retirar competitividade à modalidade e desprezar o mérito desportivo nos campeonatos nacionais.
“Sou totalmente contra. Nem me passa pela cabeça que isso possa ser viável, sinceramente. Não faz nenhum sentido. O que vai trazer de positivo ao futebol? Menor qualidade, só. Como é que pode haver aumento de qualidade se houver diminuição da competitividade e das receitas?”, questionou, em entrevista à Rádio Renascença.
Fernando Santos comparou a Superliga à Liga norte-americana de basquetebol (NBA), onde “há uns ‘drafts’” para escolher atletas, e salientou que a competição criada por 12 clubes europeus vai “retirar a ambição e a paixão das equipas de serem campeões nos seus campeonatos, que é o mais transcendente em qualquer lugar do mundo”, e, por conseguinte, de se apurarem para a Liga dos Campeões.
“O poder estar presente nessas grandes competições é o que motiva as equipas, as pessoas, os adeptos. Acho que é retirar a capacidade do futebol, reduzir isto a um conjunto de equipas. Desde logo, deixam de ser clubes e passam a ser equipas. Nos Estados Unidos, nessa tal competição [NBA], não existem clubes. Existem equipas, que têm donos, que compram e vendem as equipas. Aquilo é um negócio”, completou.
De resto, o selecionador nacional acredita que a criação da Superliga “só pode” ter motivações financeiras: “Só pode ser. Pelo bem do futebol, não é. Imaginemos que os jogadores [dessas equipas] não podem participar num campeonato do mundo ou da Europa. Como é que isso é possível?”
No domingo, AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham anunciaram a criação da Superliga europeia, à revelia de UEFA, federações nacionais e vários outros clubes.
A competição vai ser disputada por 20 clubes, 15 dos quais fundadores – apesar de só terem sido revelados 12 – e outros cinco, qualificados anualmente.
A UEFA anunciou que vai excluir todos os clubes que integrem a Superliga, assegurando contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.
Entretanto, o organismo que rege o futebol europeu anunciou o alargamento da Liga dos Campeões de 32 para 36 clubes, a partir de 2024/25, numa liga única, em que cada equipa joga contra 10 adversários, cinco jogos em casa e cinco jogos fora.
Os oito melhores classificados vão ser apurados diretamente para os oitavos de final, enquanto os classificados entre o 9.º e o 24.º lugar vão disputar um ‘play-off’ para apurar outras oito equipas.
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