Desporto
Federação Portuguesa de Judo enfrenta novo processo de inquérito do Instituto do Desporto e Juventude
A Federação Portuguesa de Judo (FPJ) enfrenta um novo processo de inquérito, aberto pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), confirmou hoje à agência Lusa o presidente do IPDJ, Vítor Pataco.
Em causa estarão questões relacionadas com a violação dos critérios estabelecidos pela própria FPJ na seleção de judocas para competirem nas provas internacionais e as mesmas terão resultado do inquérito concluído em novembro e que levou à destituição de Jorge Fernandes da presidência da FPJ.
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“Efetivamente, determinei a abertura de um novo processo de inquérito por um conjunto de factos que foram extraídos ainda durante o mês de novembro do inquérito que estava a decorrer e que levou à destituição do presidente. E esse inquérito está precisamente relacionado com questões de seleção desportiva e com eventual violação dos critérios de seleção que foram estabelecidos pela própria Federação Portuguesa de Judo”, confirmou à Lusa Vítor Pataco.
O presidente do IPDJ explicou que este novo inquérito tem a ver com “a seleção de atletas para a participação em competições internacionais”, mas que nesta fase não é possível dar detalhes em relação ao processo.
Vítor Pataco voltou a mostrar-se preocupado com a situação no judo português, frisando que o seu papel não é o de apenas fiscalizar e sancionar, mas sugerir caminhos para que a modalidade regresse à normalidade.
O judo português tem atravessado uma fase conturbada desde agosto do último ano, com a oposição de alguns atletas e associações ao presidente que acabou destituído, Jorge Fernandes, estando desde já marcadas novas eleições para 19 de fevereiro.
Um inquérito do IPDJ, aberto após denúncia da Associação de judo de Castelo Branco, concluiu em novembro que o ex-presidente transgrediu o artigo 51.º do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD), que configura a perda de mandato de titulares de órgãos federativos, por inelegibilidade, incompatibilidade ou por terem intervenção em contrato no qual tenham interesse.
Em causa, segundo o inquérito, estava a contratação em 2021 para a FPJ de Jorge Alberto Fernandes, filho do ex-presidente, e o facto de o responsável máximo da Federação desempenhar funções de treinador no Judo Clube de Coimbra, dois cenários incompatíveis com as funções que desempenhava.
Entretanto, já em dezembro, a Assembleia Geral destitutiva ratificou a saída de Jorge Fernandes, antecipando eleições para 19 de fevereiro, mas a polémica mantém-se: por um lado o antigo presidente é agora acusado de se manter em gestão, e a nova AG, eleitoral, poderá não cumprir aquilo que é o entendimento do IPDJ.
“Se o presidente da Federação continua, como parece estar a acontecer, a assumir a gestão corrente da Federação, está a incorrer, no nosso ponto de vista, numa situação que não é a correta, numa irregularidade. Vamos confirmar isso do ponto de vista formal e ver, depois, quais são as consequências dessa atitude. Sendo uma atitude que não é regular, naturalmente que haverá aqui consequências”, explicou Vítor Pataco.
O dirigente máximo do IPDJ esclareceu que a Assembleia Geral da FPJ foi instada a esclarecer a situação, mas que a resposta não foi clara, numa situação que veio a público depois de a judoca Telma Monteiro ter publicado e questionado um ofício da FPJ assinado por Jorge Fernandes em 21 de dezembro, três dias depois de ter sido destituído.
Vítor Pataco esclareceu ainda que o IPDJ já informou a Federação de Judo sobre o seu entendimento para novas eleições, com a destituição do presidente a pressupor a eleição de novos órgãos, incluindo novos delegados, e não apenas do presidente e direção.
“Demos conhecimento à Federação daquilo que é a nossa posição e aos órgãos da Assembleia Geral. Cabe agora aos órgãos da Federação também encontrarem, aqueles que estão em gestão corrente, as soluções que forem mais adequadas. Enfim, se optarem por essa solução, logo avaliaremos e os próprios associados, porque nós demos nota disto também aos associados que nos colocaram a questão, nomeadamente a Associação de Lisboa e a Associação de Castelo Branco. Clarificámos essa posição. Ponto um: o presidente do Instituto não está apenas a fiscalizar e a sancionar. Ponto dois e é importante as pessoas entenderem isto: não somos nós que temos de encontrar as soluções, é a família do judo que tem de encontrar uma solução”, reafirmou.
A finalizar, Pataco insistiu que o IPDJ tem tentado apontar caminhos, não se confinando a um papel sancionatório ou fiscalizador, e que tudo fará para assegurar que a preparação dos atletas e o trabalho dos treinadores não sejam prejudicados.
“Não posso falar por terceiros, mas admito que esta será, com certeza, a posição do Comité Olímpico de Portugal no que respeita à parte da preparação olímpica e diria do próprio Governo”, acrescentou Vítor Pataco.
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