Coimbra
Fado ao Centro lança projeto de recuperação da viola Toeira de Coimbra
A escola de música Fado ao Centro lançou um projeto de recuperação e divulgação da viola Toeira, instrumento do século XIX que servia de apoio às serenatas dos estudantes e ao fado de Coimbra.
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“Integrado na escola de música do Fado ao Centro, decorre um curso de construção de réplicas dos originais que chegaram aos nossos dias, com aulas de execução e ensaios do repertório da época”, disse à agência Lusa Eduardo Loio, dirigente da Fado ao Centro, associação cultural e artística que apresenta espetáculos diários de fado de Coimbra.
O projeto de recuperação da viola Toeira tem o apoio do Inatel e da Câmara Municipal de Coimbra, que cede as instalações da oficina de construção e recuperação de instrumentos musicais, situada junto ao arco da Almedina, em pleno centro histórico de Coimbra.
“Em Coimbra, o fado era tão antigo como em Lisboa. No entanto, adaptou-se à característica especial Coimbrã de música com variações ou cantada em estilo amoroso e serenil. Até por volta de 1860, o fado fora tocado na viola de arame (viola toeira). Esta, que séculos atrás havia sido um instrumento nacional popular, teve em Coimbra a sua sede de eleição”, escreve o historiador Armando Simões no volume “A Guitarra: Bosquejo Histórico”.
Na oficina da Fado ao Centro há já 15 alunos a construir de raiz réplicas daquele instrumento de Coimbra, usado por estudantes nas tradicionais serenatas e noites de fado. Com cordas duplas e triplas, a Toeira acabou substituída pela tradicional guitarra portuguesa, bem mais fácil de afinar.
“A viola de Coimbra, também conhecida como ‘banza’ quando tocada pelos estudantes e ‘farrusca’ pelo povo, foi usada nas ruas de Coimbra para acompanhar a voz nas canções de cortejamento até meados do século XIX, sendo depois substituída pela guitarra de Coimbra por uma questão técnica”, explica Loio, que supervisiona a construção de 15 violas toeiras.
A construção dos instrumentos é parcialmente subsidiada pela Fado ao Centro, que fornece espaço, materiais e orientação técnica e artística. “Fazemos réplicas de época, mas com adaptações à modernidade dos instrumentos do século XXI”, resume Loio.
O professor da Fado ao Centro salienta também o lado lúdico da construção destes instrumentos. “As atividades artesanais acabam por funcionar como terapia ocupacional. As pessoas envolvem-se e pesquisam dados históricos e técnicos”, diz Eduardo Loio, salientando que a oficina acolhe pessoas com as mais diversas profissões, mas sobretudo alunos e professores das instituições de ensino superior de Coimbra.
Em paralelo, a Fado ao Centro desenvolve também um projeto de recuperação de partituras originais do século XIX destinadas a serem tocadas em viola Toeira e está a preparar com um historiador de Coimbra um livro dedicado à história do instrumento.
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