Coimbra
Fábrica de papel da Lousã com interesse municipal será desclassificada
A Fábrica de Papel do Boque, reconhecida há 26 anos como imóvel de interesse municipal, vai ser desclassificada por proposta da Câmara da Lousã após ter sido destruída pelo grande incêndio de 15 de outubro de 2017.
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A Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC) está a preparar “um relatório detalhado” sobre o estado em que ficaram as instalações na sequência do fogo que começou no concelho da Lousã, junto a Vilarinho, e alastrou a outros municípios da região Centro.
O documento seguirá depois para a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), em Lisboa, disse hoje à agência Lusa a diretora regional de Cultura, Celeste Amaro.
“O processo segue os trâmites” que a lei prevê nestes casos, mas “vai demorar algum tempo”, não podendo ainda ser fixado um prazo para a sua conclusão, afirmou.
Celeste Amaro adiantou que, na segunda-feira, um técnico da DRCC deslocou-se a Serpins para fazer um levantamento fotográfico da Fábrica de Papel, fundada em 1861 e que, ainda no século XIX, teve a primeira máquina de fabrico contínuo de papel instalada em Portugal.
A fábrica é propriedade privada e pertencia à Viúva Macieira e Filhos, quando foi desativada, há mais de 30 anos.
Aquele funcionário “nem sequer conseguiu entrar” no complexo fabril, atualmente em ruínas, e teve de fazer as fotos a partir do exterior, segundo a mesma responsável.
“Estamos a cumprir com o que a Câmara pediu”, referiu, a propósito da abertura de um procedimento de desclassificação da antiga papeleira, cujo edital foi publicado no Diário da República, no dia 30 de abril.
Por proposta da autarquia, a unidade fabril, nas margens do rio Ceira, foi classificada em 1992 como imóvel de valor concelhio, convertido em interesse municipal em 2001.
Em 2010, um estudante da Universidade de Coimbra defendeu uma dissertação de mestrado em arquitetura intitulada “Rota do Papel do Vale do Ceira e Serra da Lousã – A Fábrica de Papel do Boque”.
Nessa altura, já estava “a ser inclusivamente equacionada a desclassificação do monumento”, escreveu Luís Filipe Correia Martins, citando o então presidente da Câmara da Lousã, Fernando Carvalho.
“Foram adquiridas as máquinas por parte da edilidade”, disse, frisando que decidiu fazer um “levantamento fotográfico e gráfico exaustivo e rigoroso, por forma a constituir uma base de trabalho sólida com vista à reabilitação desejada e necessária” do exemplar da arqueologia industrial.
A Fábrica do Boque foi fundada em 1861 pelo mesmo industrial, José Joaquim de Paula, que, 40 anos antes, criou a Fábrica de Papel de Góis, cuja laboração acabou em finais do século XX.
“Depois de anos de abandono, que arruinaram grande parte da estrutura, o complexo sofreu um incêndio no verão de 2017, destruindo consideravelmente o que ainda restava da velha fábrica”, na freguesia de Serpins, refere a DGPC na sua página da internet.
Numa nota histórica atualizada, o organismo liderado pela arquiteta Paula Silva informa que a Câmara da Lousã, presidida por Luís Antunes, “abriu um procedimento de desclassificação do imóvel em abril de 2018, aguardando-se a conclusão do mesmo”.
A decisão e a proposta de abertura do procedimento, aprovada por unanimidade na reunião do executivo de 02 de abril, “poderão ser consultadas todos os dias úteis”, no balcão único do município e na página www.cm-lousa.pt, de acordo com o edital, que não fixa prazo.
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