Coimbra
Exposição de porcelana realça papel de Coimbra no contacto de Portugal com a China
Uma exposição de porcelana chinesa vai ser inaugurada em Coimbra, no sábado, para ajudar a compreender o papel mediador da cidade no contacto de Portugal com a China desde o século XVI.
Coimbra foi o centro “do encontro cultural e científico da expansão portuguesa” ao longo dos séculos, salientou hoje à agência Lusa o professor da Universidade de Coimbra Joaquim Ramos de Carvalho.
O investigador falava a propósito de um programa que a Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC) promove no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, incluindo uma exposição intitulada “Memórias da China Imperial em Santa Clara-a-Velha”, que abre às 15:00.
A mostra apresenta parte da coleção de porcelanas do monumento, cuja construção foi iniciada em fins do século XIII, para acolher religiosas mendicantes da Ordem das Clarissas.
Segundo a diretora regional da DRCC, Susana Menezes, a iniciativa visa responder a uma pergunta: “Por que é que uma comunidade que professava votos de pobreza e simplicidade tinha uma coleção dessas?”.
A partir deste questionamento, “vai-se tentar descobrir as histórias que estão por detrás desses artefactos”, adiantou.
O evento foi concebido no âmbito das comemorações do Ano de Portugal na China, que decorre em simultâneo com o Ano da China em Portugal, para assinalar os 40 anos do restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países e os 20 anos da transferência da administração de Macau para a República Popular da China.
A Direção Regional pretende “tornar visível a presença da China” em Portugal e em Coimbra, acrescentou Susana Menezes.
O navegador português Jorge Álvares foi o primeiro europeu a chegar por mar à China, em 1513, tendo morrido no Império do Meio em 1521.
“Muitos dos missionários jesuítas que partiram para Pequim estiveram em Coimbra” durante a sua formação académica e alguns foram embaixadores e bispos na China, realçou Ramos de Carvalho.
O papel central de Coimbra no contacto dos portugueses com a China teve início no reinado de D. João III, com a instalação definitiva da Universidade na cidade, em 1537, e reforçou-se quando aqui foi criado o Colégio de Jesus, em 1759.
Por este estabelecimento, como estudantes ou professores, passaram matemáticos e astrónomos jesuítas da Europa que depois foram em missão para o Extremo Oriente.
“Por aqui passou muito do relacionamento intelectual com a China”, sublinhou o ex-vice-reitor da Universidade de Coimbra para as Relações Internacionais.
Às 16:00, Ramos de Carvalho profere a conferência “Coimbra e a China ao longo dos séculos”, seguida de debate com historiadores e outros especialistas.
A coleção de porcelana chinesa de Santa Clara-a-Velha reúne 400 peças parcialmente reconstruídas e sete mil fragmentos recolhidos durante as escavações arqueológicas no mosteiro.
A maioria dos artefactos remonta à dinastia Ming (1368-1644), sobretudo às épocas dos imperadores Jiajing (1522-1566) e Wanli (1573-1610).
Ainda no sábado, ao longo do dia, uma oficina de pintura para crianças dá a conhecer os animais fantásticos representados nas louças chinesas.
À noite, realizam-se visitas guiadas à exposição, no final de um programa que celebra também o Dia Internacional dos Museus.
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