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Exposição de Janet Cardiff e George Miller em Coimbra será um “mergulho em apneia”

Notícias de Coimbra com Lusa | 4 dias atrás em 27-03-2025

A exposição do casal canadiano Janet Cardiff e George Bures Miller “A Fábrica das Sombras”, que é inaugurada em abril, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, será como mergulhar em apneia, a partir do poder do som.

No ano de pausa entre edições da bienal de arte contemporânea de Coimbra, a Anozero convidou o casal canadiano Janet Cardiff e George Bures Miller para uma exposição, que estará patente de 05 de abril a 05 de julho, percorrendo obras de quase 30 anos de carreira dos dois artistas (sobretudo peças criadas em dupla, mas também individuais), afirmou hoje a organização.

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Num mosteiro abandonado que já teve diferentes ocupações e vidas e que se prepara para ser transformado num hotel de cinco estrelas, o casal explora as sombras, os ecos e os fantasmas daquele lugar, procurando um diálogo entre espaço e obras, onde a capacidade escultórica do som está presente.

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“Para nós, sempre foi claro que entrar nesta exposição será como mergulhar em apneia e perder as defesas. É um trabalho de imersão. Mais do que obras de arte – são experiências imersivas a partir das possibilidades escultóricas do som”, disse o diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes, durante a conferência de imprensa de apresentação da exposição.

Nesse sentido, o diretor de uma das estruturas que organizam a bienal (em conjunto com Câmara de Coimbra e Universidade) acredita que o público será “engolido” pela exposição.

No Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, será possível ver e ouvir peças como “The Infinity Machine”, obra com 150 espelhos antigos que é exposta pela primeira vez fora do continente americano, onde se ouvem as frequências magnéticas registadas na missão Voyager, ou “The Forty Part Motet”, no refeitório do edifício, onde estarão dispostas 40 colunas numa formação oval, de onde saem 40 vozes gravadas e reproduzidas separadamente, que interpretam uma peça coral do século XVI.

Para Janet Cardiff, é “muito impressionante” poder trabalhar num espaço como o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

“Já não se veem espaços assim. Na maioria do mundo, espaços como este já estariam gentrificados, mas este tipo de edifício, com tinta a cair, leva-nos a pensar na história, nas memórias e isso está muito relacionado com o nosso trabalho”, disse a artista, acreditando que o som resgata também essas memórias e até fantasmas presentes.

Já George Bures Miller afirmou que a exposição obrigou o casal a olhar para o seu passado e para trabalhos antigos, não querendo nunca “competir com o espaço” onde as peças estarão, mas antes garantir que estas pudessem até ser elevadas pelo meio.

“É excitante para nós mostrar peças que normalmente não são apresentadas”, disse, apontando para o caso de “The Infinity Machine”, que exige um pé direito muito alto e que só foi apresentada uma única vez em Houston, nos Estados Unidos, há dez anos.

Para Carlos Antunes, a exposição fala de sombras, mas também poderia falar de sonhos, como aquilo que se procura perseguir.

“E esta exposição é a concretização de um sonho absoluto, com dois artistas que admiramos absolutamente”, acrescentou.

O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, também presente na conferência, considerou que a Anozero “tem levado o nome de Coimbra até ao mundo”, acreditando que a bienal poderá continuar a crescer.

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