Vamos
Explorar o universo do “fofo” como instrumento na cultura contemporânea
Uma fotografia de propaganda nazi de Adolf Hitler a alimentar veados é um dos objetos da exposição “CUTE”, em Londres, sobre coisas “fofas” que, nos últimos 200 anos, foram usadas com diferentes intenções, como ocultar, dissimular ou apenas distrair.
A fotografia a preto e branco datada de 1934 é um exemplo da propaganda do regime nazi e do esforço para tentar adoçar a imagem do antigo chanceler alemão. Durante esta campanha, Hitler foi fotografado com crianças e animais para desviar a atenção dos suas políticas violentas e antissemitas.
Este é um exemplo de como uma imagem ‘cute’ (gira ou fofa, na tradução do inglês) pode ser utilizada por políticos ou empresas para manipular e controlar ao promover sentimentos positivos com determinados fins.
Os responsáveis reivindicam que esta é primeira grande exposição a explorar o complexo poder da ‘cuteness’ na cultura contemporânea, dividida em temas que pretendem desvendar as várias facetas ao longo de dois séculos.
“De ‘emojis’ a ‘memes’, de videojogos a brinquedos, de comida a ‘design’ robótico adorável, o giro tomou conta do nosso mundo. Mas como é que algo tão encantador e aparentemente inofensivo ganhou tamanha importância?”, escreve a organização no ‘site’ da mostra.
Na exposição na Somerset House, o antigo palácio real onde a rainha Catarina de Bragança viveu oito anos no século XVII, estão obras de mais de 50 artistas, algumas realizadas expressamente para este evento, e dezenas de objetos.
O cartaz da exposição mostra um felino com pelo em tons de arco-íris e olhos azuis, retratado como um unicórnio, sintetizando vários dos elementos que vieram a constituir o conceito de “fofinho” ao longo dos tempos.
Os gatos têm um papel de protagonista, desde a série de fotografias “Brighton Cats”, por Harry Pointer, muito popular no século XIX, aos desenhos de Louis Wain, também na viragem do mesmo século.
A exposição tenta criar uma linha temporal, dispondo figuras em porcelana, imagens de bebés rechonchudos ou crianças a chorar, desenhos ‘kawaii’ japoneses, vídeos de música, brinquedos, peluches, roupa, jogos de computador e referências às redes sociais.
Pelo meio estão obras de arte contemporânea, encomendadas pelos organizadores para refletirem sobre a popularidade da cultura do “cute” em todo o mundo e a forma como esta se tornou uma estética tão influente na atualidade.
“O fofo é, indiscutivelmente, a estética mais proeminente dos nossos tempos. No entanto, só agora começou a ser levada a sério”, afirmou a programadora da Somerset House, Claire Catterall, que espera que a exposição encante e surpreenda ao mesmo tempo.
Uma secção é dedicada à figura Hello Kitty, que celebra o 50.º aniversário desde a criação, com a mostra de objetos raros e uma discoteca.
A exposição mantém-se até 14 de abril.
Related Images:
PUBLICIDADE