Coimbra
Ex-programador do Convento São Francisco apresenta queixa contra a Câmara de Coimbra
O ex-programador do Convento São Francisco, Luís Rodrigues, que foi demitido pela Câmara de Coimbra em novembro após ter sido acusado de assédio, afirmou hoje que apresentou queixa-crime contra o município.
Num comunicado enviado à agência Lusa, Luís Rodrigues negou as acusações de assédio por uma funcionária do café-concerto do Convento São Francisco (CSF) e anunciou que decidiu apresentar queixa-crime contra a Câmara Municipal de Coimbra, contra a alegada vítima e ainda contra a diretora do Departamento de Cultura e Turismo, Maria Carlos Pêgo, e contra o chefe de divisão do CSF, Filipe Carvalho.
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A 10 de novembro, confrontada pela agência Lusa sobre alegações de assédio contra Luís Rodrigues, a Câmara de Coimbra afirmou que tinha decidido terminar a ligação contratual com o programador, que estava em regime de avença naquela espaço cultural de Coimbra.
Hoje, Luís Rodrigues afirma que o procedimento administrativo para cessar a sua ligação ao município apenas foi iniciado através de carta registada quatro dias após o anúncio público da autarquia.
Segundo o comunicado, o ex-programador já apresentou a sua defesa em sede de audiência de interessados e salienta que o fundamento invocado pela Câmara de Coimbra para o despedimento “não foi o imputado crime de assédio”, mas um “alegado incumprimento de obrigações contratuais”.
“O signatário repudia veementemente qualquer forma de assédio (moral e/ou sexual), negando ter tido alguma conduta menos própria em relação à suposta vítima e lamentando que a inexistência de queixa o impeça de, na sede própria, ficar indubitavelmente comprovada a sua inocência”, refere Luís Rodrigues.
Questionado pela agência Lusa sobre qual o incumprimento que é alegado pela autarquia, Luís Rodrigues escusou-se a dizer, notando que o seu contrato obriga a um “dever de confidencialidade”.
Apesar disso, admitiu que não foi apresentada candidatura por parte do CSF à Rede de Teatros e Cineteatros, vincando, contudo, que não é o “único responsável” pela elaboração dessa candidatura.
O ex-programador não negou as conversas relatadas pela vítima à agência Lusa, mas vincou que o Ministério Público não tem conhecimento de qualquer inquérito criminal aberto contra a sua pessoa.
Luís Rodrigues esclareceu que estabeleceu uma “relação de cordialidade” com a jovem que o acusou de assédio, referindo que houve “uma série de conversas e troca de informações” com a alegada vítima ao longo de três meses.
“[Em determinado momento], a pessoa em causa passou a tentar evitar-me e eu quis tentar perceber o porquê daquela mudança abrupta”, disse, justificando assim a insistência de mensagens porque queria perceber a situação.
Para Luís Rodrigues, “houve um enorme mal-entendido, sem dúvida”.
O ex-programador referiu ainda que o processo de despedimento ainda não está concluído, após ter-se pronunciado em audiência de interessados.
“Há um despedimento tácito antes de eu responder ao que quer que seja”, criticou.
O tema foi abordado hoje durante a reunião do executivo, por parte da vereadora do PS, Regina Bento.
Confrontado pela oposição, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, recusou-se a comentar a questão, referindo que “os tribunais são órgãos próprios e irão tomar as decisões que acharem apropriadas”.
A agência Lusa teve acesso à notificação que a PSP entregou à queixosa, com idade na casa dos 20 anos, após esta apresentar uma participação, em que acusava Luís Rodrigues de a assediar, ao enviar-lhe constantemente mensagens pela aplicação WhatsApp, oferecendo-lhe boleia por diversas vezes, tendo acabado por bloquear o contacto.
Mesmo após o bloqueio, o programador do CSF, que assumiu funções em junho, em regime de avença, continuou a procurar contactar a jovem por diversos meios, que deixou de se sentir segura quando saía do seu local de trabalho, contou à Lusa, na altura, a queixosa.
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