Governo
Europeias: Conselho de Ministros não viola neutralidade mas continua a agitar campanha
No segundo dia de campanha eleitoral, o Conselho de Ministros de sábado continuou a marcar a agenda, com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) a anunciar à tarde que a reunião não viola os deveres de neutralidade e imparcialidade.
A polémica em volta do Conselho de Ministros extraordinário de sábado tinha já ‘agitado’ as caravanas do PS, PCP e BE na segunda-feira, com comunistas e bloquistas a apresentarem um protesto junto da CNE.
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Hoje, antes do almoço, o assunto voltou a ganhar relevo com a divulgação da carta que o Governo enviou à CNE, garantindo que a data de 17 de maio para o Conselho de Ministros foi escolhida por se completarem, nesse dia, três anos do programa de resgate, e afastando qualquer ligação da reunião à campanha em curso para as eleições de 25 de maio.
À tarde chegou a decisão da CNE que considerou que “não existe violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade das entidades públicas a que o Governo está vinculado, pelo que, não poderá haver lugar a qualquer intervenção”.
Prontamente o BE reagiu: “Respeitamos a decisão da CNE mas não concordamos porque entendemos que a ‘troika’ – que é aquilo que está em causa – não está nem dentro, nem fora das eleições europeias. É o centro da campanha”, disse Marisa Matias, a cabeça de lista bloquista.
“Independentemente daquilo que Comissão Nacional de Eleições possa dizer a respeito destas iniciativas elas são parte de uma agenda, é a agenda da ´troika'”, acrescentou mais tarde o cabeça de lista da CDU, João Ferreira.
O cabeça de lista da Aliança Portugal, Paulo Rangel, considerou que a decisão da CNE introduz “serenidade” na campanha, esperando que termine com os “casos e casinhos” levantados pelo PS, que desafiou a apresentar a sua agenda para o crescimento e emprego.
No entanto, o número um da lista do PS às europeias, Francisco Assis, garantiu que não vai transformar as decisões da Comissão Nacional de Eleições (CNE) hoje conhecidas em “casos” da campanha, reclamando que se debata a “substância” das ideias políticas.
A saída da ‘troika’ e a forma como esse momento deve ser assinalado foi tema comum às intervenções dos candidatos às eleições, com Francisco Assis a defender durante um almoço em Belmonte que o próximo sábado, dia em que simbolicamente se assinala o fim do resgate a Portugal, deverá ser um momento de reflexão profunda e não de celebração.
“Preparam grandes celebrações para o dia 17, pela saída da ‘troika’ de Portugal, ignorando o estado em que o país se encontra”, advogou.
A cabeça de lista do BE, Marisa Matias, corroborou a ideia de que não há “razões para festejar”, mas não se esquivou a lançar também críticas aos socialistas: “No primeiro dia oficial da campanha, se calhar percebemos um bocadinho melhor a diferença entre a austeridade do PSD e do CDS e a austeridade do PS. É que uns celebram com Murganheira e os outros com Raposeira”, disse.
‘Estacionada’ mais para o litoral, em Coimbra, a caravana da Aliança Portugal (a coligação que junta PSD e CDS-PP) tentou passar ao lado da polémica, com Paulo Rangel a começar o dia com um agradecimento à “importante ajuda” que o social-democrata Rui Rio deu à campanha da coligação PSD/CDS-PP para as eleições europeias ao manifestar-se contra um “regresso ao despesismo”.
Outra ‘ajuda’ à campanha da coligação Aliança Portugal tinha chegado na noite anterior, com o presidente do CDS-PP e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, a apelar ao voto do centro-esquerda durante uma ação de campanha em Lamego.
A resposta da CDU chegou horas depois, com o cabeça de lista da coligação que junta o PCP e o PEV, João Ferreira, a desvalorizar “as almas inquietas” do PS e a atenção prestada à sua lista.
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