O Sexo e a Cidade
EU AMO COIMBRA. (mas não parece!)
De Manuel a Carlos, voltando a Manuel, que reapareceu depois de António, chegando a José que nos desgoverna, Coimbra tem sido um bom exemplo de má imagem gráfica de um território que não se apaixona pelo desejo de requinte. Quando o e-leitor pensava que pior seria impossível, eis que surge este rabisco “Eu Amo Coimbra”, obra que faz antever que Deixou-me a mala no comboio pode vir a ser transformado no hino da cidade esburacada para entrar o MetroBus.
A história enviada pela CMC é assim: A Câmara Municipal de Coimbra lançou, em abril, um concurso para a conceção da imagem gráfica do slogan “Eu Amo Coimbra”, com a finalidade de ser aplicado numa estrutura de rua, e já são conhecidos os vencedores.
O concurso, lançado em abril, indicava que a identidade visual do slogan “Eu Amo Coimbra” deveria incorporar valores de pertença, de orgulho e de paixão pela cidade, consubstanciados através de um design gráfico contemporâneo, forte, apelativo, dinâmico, num conceito gráfico, original e, sobretudo, impactante.
Foram entregues 25 propostas na CM de Coimbra, tendo, contudo, sido excluídas nove dessas propostas por não cumprirem o regulamento do concurso, detalha a autarquia.
Segundo a autarquia, “Depois de avaliadas as propostas, o primeiro prémio foi atribuído ao concorrente Paulo Pereira, que centrou o seu trabalho no Fado e na Canção de Coimbra, introduzindo na peça um coração, que simboliza o amor pela cidade, e uma guitarra, numa alusão ao género musical da cidade, ao património imaterial e à palavra saudade. A peça, pelas suas dimensões, permite que se seja fotografado de pé, sentado ou recostado dentro do coração. Adicionalmente, a instalação prevê a inclusão de um banco contínuo, que acompanha o muro e complementa a função estética da composição. Em reconhecimento ao seu mérito criativo, Paulo Pereira será agraciado com um prémio monetário no valor de 7.500 euros e um Prémio de Reconhecimento Público, tendo o seu nome inscrito na própria obra”.
Já o segundo lugar foi atribuído ao concorrente Paulo Fidalgo, que dá o nome de “ilha dos amores” à sua peça. A criação é inspirada na trágica história de D. Pedro e D.ª Inês de Castro e integra um coração flutuante, preenchido por um padrão baseado na ponte pedonal Pedro e Inês, que serve de referência para todo o universo cromático da marca. A peça inclui, ainda, uma versão estilizada do Arco de Almedina, “outro elemento de grande importância para a cidade de Coimbra”, com 20 metros de largura por 10 de altura. Paulo Fidalgo sugere que a sua criação fique situada no leito do rio Mondego e argumenta que, apesar de não ser visitável, “pode ser fotografada a partir de vários pontos, sempre com a cidade como pano de fundo”. A proposta vem complementada com a inserção da marca em vários produtos de merchandising. O concorrente vai receber um prémio de 3.000 euros.
Catarina Castro foi a concorrente que ficou em terceiro lugar. Na conceção da sua peça, a artista desconstruiu o slogan “Eu Amo Coimbra”, recordando que é uma forma de assumirmos “com determinação um sentimento forte de amor, orgulho e pertença (…). Este amor é um fator de identificação, de empatia e de união”. O seu trabalho assenta, portanto, no orgulho pela história da cidade, pelo seu passado, mas também pela construção do futuro, pelas gerações vindouras e por todos os seus habitantes. Tomando como ponto de partida figuras emblemáticas da cidade, desde o estudante ao ilustre escritor Miguel Torga, passando por personagens históricas como a Rainha Santa Isabel e os amantes Pedro e Inês, a artista desenvolveu uma proposta que complementa a estrutura apresentada, com a inscrição ‘Eu Amo Coimbra’. As letras são em monobloco, iluminadas, de alumínio reciclado lacado, com estruturas de reforço interior e frentes em acrílico reciclado. As personagens podem ser criadas em dois materiais alternativos, plástico reciclado ou alumínio reciclado. Todas as estruturas têm uma componente de iluminação. A proposta vem complementada com a inserção da marca em vários produtos de merchandising. A concorrente vai receber um prémio de 1.500 euros.
A avaliação foi realizada por um júri, composto pelo vice-presidente da Câmara, Francisco Veiga, a diretora do Departamento de Cultura e Turismo, Maria Carlos Pêgo, e o chefe da Divisão de Compras e Logística, Pedro Monteiro.
O relatório do júri pode ser consultado na íntegra aqui.
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