Educação

Estudo sobre a memória, luta e resistência dos idosos LGBTI+ com bolsa de dois milhões de euros

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 17-03-2022

A investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra Ana Cristina Santos ganhou um financiamento de dois milhões de euros atribuído pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) para liderar um projeto sobre a população LGBTI+ idosa.

Ana Cristina Santos, que já tinha recebido financiamento do ERC no passado, vai liderar o projeto “TRACE – Cidadania Queer ao Longo do Tempo: Envelhecimento, idadismo e políticas LGBTI+ na Europa”, anunciou hoje o CES, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

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“O projeto TRACE centra-se na população lésbica, gay, bissexual, trans e intersexo idosa enquanto detentora de um saber precioso decorrente da sua experiência de memória, luta e resistência contra regimes opressivos”, salientou a investigadora, citada na nota de imprensa.

O estudo incide sobre o sul da Europa, investigando-se, ao longo de cinco anos, Portugal, Itália, Malta, Grécia e Eslovénia.

O projeto analisa “o papel da União Europeia na transformação jurídica de cada país”, mas também “o impacto das políticas de igualdade ao longo da vida de pessoas LGBTI+”.

O TRACE “terá em conta diversas fases da História, desde a criminalização da diversidade, passando pela crise da SIDA/HIV, até chegar às atuais políticas antidiscriminação”, explicou o CES.

“Os países incluídos no projeto TRACE oferecem uma imagem abrangente dos direitos humanos LGBTI na Europa do sul ao longo do tempo, desde Malta, com um índice de reconhecimento de 94%, a Itália, com apenas 22%, segundo dados da ILGA Europa. Trata-se de países que passaram de regimes políticos ou socioculturais repressivos para modelos que oferecem alguma proteção jurídica, mas nos quais podem observar-se os efeitos do populismo de extrema-direita e das campanhas antigénero”, frisou a investigadora.

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Segundo Ana Cristina Santos, o principal objetivo do TRACE é “contribuir para políticas LGBTI+ inclusivas de pessoas com mais 60 anos, evitando o desperdício de experiência e produzindo conhecimento baseado em evidência sobre o envelhecimento LGBTI+”.

Durante o projeto, está prevista a formação de investigadores, articulação com decisores políticas, capacitação de públicos diversificados, um filme documentário, uma exposição fotográfica e a criação de um arquivo digital intitulado “Vidas Queer 60+”.

Ana Cristina Santos, doutorada em estudos de género, é investigadora principal do CES, onde é coordenadora do Programa de Doutoramento Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas e coordenadora da linha temática Democracia, Justiça e Direitos Humanos.

A bolsa agora atribuída é já o oitavo financiamento do ERC obtido pelo CES nos últimos anos, realçou a instituição.

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