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Estudo da Universidade de Coimbra revela que crianças e adultos têm estratégias diferentes para perceber interação entre pessoas
Crianças e adultos têm estratégias diferentes para perceber interações entre pessoas, revelou um estudo sobre o cérebro realizado pelas universidades de Coimbra (UC) e Bangor (País de Gales, Reino Unido), anunciou hoje aquela instituição universitária portuguesa.
Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, a UC frisou que o estudo foi realizado “para aprofundar o conhecimento sobre as estratégias usadas por crianças e adultos para perceber as interações sociais”, tendo constatado, a partir de uma análise cerebral, que existem diferenças nesta perceção.
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“Os adultos revelam basear-se em perceções automáticas através de informações corporais, enquanto as crianças demonstram basear-se mais em julgamentos sobre o que as pessoas estão a fazer”.
A UC acrescentou que o processo de interpretação das interações sociais “requer que cada pessoa consiga decifrar múltiplos tipos de informação, como perceber posturas corporais ou intenções subtis durante o contacto social, e tirar conclusões sobre os pensamentos e sentimentos dos outros”.
“Os resultados do estudo são importantes para perceber que tipo de informação social (movimentos corporais ou julgamentos sociais profundos) contribui para entender a interação social à medida que o cérebro se desenvolve”, observou, citado na nota, Jon Walbrin, investigador britânico do Proaction Lab, laboratório de neurociência cognitiva da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC).
O trabalho científico envolveu dois grupos de participantes – um constituído por crianças entre os 06 e os 12 anos e outro por adultos maiores de 18 anos – que participaram “em sessões de ressonância magnética funcional com a visualização de curtos vídeos sobre a interação entre duas pessoas”, explicou a UC.
“As respostas de ativação no sulco temporal superior – uma área do cérebro envolvida no processamento visual de interações sociais – foram medidas e comparadas com respostas de conectividade em outras partes do cérebro”, enfatizou.
A investigação revelou que adultos e crianças “poderão ter estratégias cognitivas diferentes que suportam a compreensão da interação social”.
“Enquanto os adultos mostram forte conectividade em áreas do cérebro associadas a informação estática e dinâmica do corpo (por exemplo, postura e movimentos corporais), as crianças apresentam mais conectividade em áreas do cérebro associadas a processos mentais profundos”.
Ou seja, as crianças elaboram “juízos sociais sobre o que os outros estarão a sentir ou a pensar”, como, por exemplo, duas pessoas a mexer-se rapidamente “parecem zangadas – estão a discutir”.
“A maior parte do trabalho prévio de neurociência social visual centra-se na medição de respostas a outros enquanto indivíduos. No entanto, há pouca investigação sobre a perceção da interação social entre indivíduos e ainda muito pouco se sabe sobre como essa aprendizagem se desenvolve durante a infância”, contextualizou Jon Walbrin, também cientista do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC/UC).
A equipa de investigação – que integra ainda Jorge Almeida, diretor do Proaction Lab, investigador do CINEICC e docente da FPCEUC, e a investigadora da Universidade de Bangor, Kami Koldewyn – considerou, segundo a UC, que o próximo passo “pode passar por estudar de que forma este desenvolvimento da perceção da interação social progride durante a adolescência”.
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