Um grupo de estudantes da Universidade de Coimbra acusa a PSP de agredir um dos elementos “com extrema violência”, na sequência de desacatos ocorridos na madrugada do último sábado, na zona do Largo D. Dinis. Dizem ainda que os agentes obrigaram, sob ameaça, um dos jovens a apagar um vídeo que alegadamente registou a agressão.
Tudo aconteceu entre a Rua Larga e o Largo D. Dinis, na zona da Universidade de Coimbra, por volta das 03:30 de sábado. A PSP, em comunicado divulgado na segunda-feira, deu conta da detenção de dois estudantes por “ameaças e injúrias a agentes”. A nota, divulgada pelo Notícias de Coimbra (NDC), refere que “um grupo de indivíduos a cantar e tocar viola” surgiu na direção dos agentes e um dos estudantes, de 24 anos, “de forma agressiva” começou a “proferir ameaças e injúrias aos polícias ali presentes, pelo que lhe foi dada voz de detenção”.
O documento da PSP informa ainda que quando os agentes estavam a proceder à detenção do estudante, um companheiro deste, com a mesma idade, partiu em sua defesa de forma agressiva. “Com o intuito de impedir e dificultar a detenção do seu colega, o suspeito um homem de 24 anos de idade insurgiu-se, começando também ele a injuriar e ameaçar os polícias, pelo que lhe foi dada voz de detenção”, acrescenta a nota esclarecendo que “um elevado número de estudantes” juntaram-se no local tendo a PSP tido a necessidade de os “afastar e dispersar”.
“A versão da polícia é completamente manipulada e falsa e está a ocultar grande parte das coisas que aconteceram, sobretudo as coisas que a polícia fez”, afirma o estudante em entrevista ao NDC. O rapaz reconhece que um dos elementos do grupo, de nome Gabriel, proferiu “de forma leviana uma injúria indireta aos polícias”, mas considera que “não há justificação” para tamanha violência.
“Ele falou, não diretamente para eles, mas para o grupo, fazia parte do diálogo e da música que estávamos a fazer”, conta, dizendo que tentaram acalmar o colega e “passados uns 10 segundos” viram cinco agentes da PSP a irem na sua direção. “Ficámos um bocado confusos, e eles sem dizerem nada agarraram o Gabriel, e o polícia mais alto, que estava atrás dele, deu-lhe um pontapé na perna fazendo com que caísse . Os cinco agentes, que tinham quase o dobro da altura dele, começaram a pontapeá-lo na cabeça, nas costas, na cara, com o joelho em cima da cabeça dele, a dar-lhe bastonadas no corpo inteiro na cabeça dele, a rasgar-lhe a roupa”, descreve a testemunha, revelando que o estudante ficou com “vários hematomas e feridas abertas”.
“A uma certa altura o Gabriel começa a chorar, a desesperar a pedir para pararem, e nós tentámos chamar os agentes à razão”, conta Pedro Costa, relatando que o amigo foi algemado “de forma violenta”. “Pegaram nele e mandaram-no para dentro do carro como se fosse um saco de batatas”.
Nesta altura um dos elementos do grupo, segundo a versão de Pedro Costa, que estaria a filmar a agressão com o telemóvel foi “perseguido, ameaçado e obrigado a apagar” as imagens, sob aviso de “a situação poder ficar mais feia”.
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Os três jovens, os dois que foram detidos e Pedro Costa, tiveram de receber tratamento hospitalar. Os estudantes dizem que a situação lhes deixou a vida em suspenso e os afetou não só fisicamente como também em termos psicológicos numa altura em que as aulas estão a começar.
Pedro Costa apresentou queixa por agressão na PSP de Coimbra e formalizou uma denúncia à Inspeção Geral da Administração Interna, que atua como entidade de controlo externo dos atos praticados por elementos das forças e serviços de segurança ou de outros organismos sob a tutela do Ministério da Administração Interna. O grupo está também a tentar recolher apoio jurídico junto da Associação Académica de Coimbra para que “os agentes possam ser julgados”.
Os dois estudantes detidos são alunos do curso de Filosofia e foram constituído arguidos. Serão presentes a tribunal esta quinta-feira para aplicação de eventuais medidas de coação.
Veja a entrevista em direto de Pedro Costa ao NDC:
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