Educação

Estudante em Coimbra diz que muitos ativistas guineenses “foram forçados ao exílio”

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 30-10-2022

O estudante guineense Sumaila Djaló, a fazer o doutoramento em Coimbra, defendeu, em entrevista à Lusa, que “muitos ativistas políticos foram forçados ao exílio” por criticarem o atual regime no país.

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Antigo porta-voz do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI), que ajudou a fundar, em 2016, para “lutar pela legalidade, estabilidade e afirmação do Estado de direito” na Guiné-Bissau, Djaló veio para Portugal em 2018 “com o objetivo de tirar o mestrado e rapidamente regressar”.

O estudante deixou Bissau, em 2018, com uma licenciatura em língua portuguesa tirada na Escola Normal Superior “Tchico Té” e em 2020 concluiu o mestrado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no âmbito de uma bolsa financiada pelo Camões, Instituto Cooperação e da Língua, e agora faz o doutoramento em Discursos, História, Cultura e Sociedade na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

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Sumaila Djaló considerou que não existem condições de segurança para um regresso e que o mesmo sentimento é partilhado por vários ativistas sociopolíticos do país na diáspora.

“Como eu disse, o nosso país está a atravessar um momento histórico particular em que as liberdades democráticas estão profundamente comprometidas em que a liberdade de reunião, de manifestação, de expressão, de opinião e de imprensa estão todas, praticamente, eliminadas pelo regime no poder”, afirmou.

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O contexto atualmente na Guiné-Bissau “é hostil”, defendeu o ativista, que reforçou ainda que os que persistem na tentativa de mobilizar a população a lutar sofrem na pele.

“Tivemos exemplos de raptos e espancamentos de adversários políticos do regime, de cidadãos e ativistas que têm opinião diferente do que o regime pensa do país e do processo da governação e muitos dos ativistas que vivem no exterior do país, nomeadamente em Portugal, já foram vítimas dessa perseguição e alguns deles (vivem) num estado de exílio porque voltar à Guiné-Bissau, viver no nosso país, neste momento, torna-se perigoso”, acrescentou.

Sumaila Djaló enalteceu a participação e os apoios diretos que estes cidadãos prestam ao país e às famílias, o que, disse, tem possibilitado algum progresso sustentável a nível cultural e de mobilização cívica e partidária.

“Existem cidadãos em Portugal e noutros cantos do mundo, como diáspora guineense, que jogam um papel importante para o país e não nos devemos esquecer que essa gente é ao mesmo tempo trabalhadora, que a partir do seu trabalho nesses cantos do mundo ajudam a manter o sustento das suas famílias na Guiné-Bissau e daí a importância da sua intervenção cívica e não só”, sublinhou Djaló.

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