A condição pós-covid-19, também conhecida como covid longa ou síndrome pós-covid, é um conjunto de sintomas que surgem após a recuperação da infeção por SARS-CoV-2.
Em Portugal, a definição adotada é a da Organização Mundial da Saúde (OMS), que descreve a condição como sintomas persistentes em pessoas que foram infetadas pelo vírus, geralmente três meses após o início da fase aguda da doença. Esta fase aguda é definida pelas primeiras quatro semanas após o aparecimento dos sintomas ou pelo teste positivo para o vírus, nos casos de assintomáticos ou daqueles que não conseguem identificar o início dos sintomas.
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Embora os dados concretos sobre o número de infetados que desenvolvem sintomas persistentes sejam escassos, estudos indicam que entre 46% a 69% das pessoas podem continuar a experienciar sintomas entre quatro a seis semanas após a fase aguda, e até 65% podem ter queixas até 12 semanas após a infeção.
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A covid longa pode afetar vários órgãos e sistemas do corpo, com um impacto considerável na qualidade de vida. Entre os sintomas, segundo a DECO PROteste, estes são os mais comuns: “fadiga extrema e fraqueza muscular, dificuldade respiratória, tosse e redução da capacidade pulmonar, alterações no olfato e no paladar, sintomas psicológicos, como depressão, ansiedade e perturbações do sono, disfunção cognitiva, incluindo dificuldades de concentração e memória, dores articulares, musculares e febre intermitente, problemas gastrointestinais, como diarreia e perda de apetite e alterações cardíacas, como palpitações e aumento do risco de trombos”.
Esses sintomas podem aparecer de forma contínua ou intermitente, variando em intensidade e, em alguns casos, reaparecer após períodos de alívio.
A condição pós-covid-19 tende a afetar mais gravemente certos grupos. Pessoas mais velhas, indivíduos com comorbilidades (como diabetes tipo 2, hipertensão, obesidade e problemas de saúde mental), bem como aqueles que foram internados em unidades de cuidados intensivos, têm uma maior probabilidade de sofrer sintomas persistentes. Além disso, as mulheres, os fumadores e as pessoas que não conseguiram descansar adequadamente durante a fase aguda da infeção também estão mais vulneráveis.
A forma mais eficaz de prevenir a covid longa parece ser reduzir o risco de infeção por SARS-CoV-2. A vacinação tem mostrado ser uma medida importante não só para diminuir o risco de infeção grave, mas também para reduzir a probabilidade de desenvolvimento de sintomas persistentes após a recuperação da fase aguda da doença. Alguns estudos sugerem que a vacina pode ajudar a prevenir ou atenuar a condição pós-covid-19.
O diagnóstico da covid longa pode ser complicado, já que os sintomas muitas vezes se sobrepõem a outras condições, como a síndrome de fadiga crónica ou o síndrome pós-traumático. As hipóteses sobre as causas da covid longa ainda estão em investigação, incluindo a possibilidade de lesões inflamatórias durante a infeção, a permanência do vírus no organismo ou respostas anormais do sistema imunitário.
A identificação da covid longa é feita com base na história clínica do paciente, sendo necessários exames complementares para excluir outras causas dos sintomas. Radiografias, provas respiratórias e eletrocardiogramas podem ser requisitados para avaliar o impacto nos pulmões e no sistema cardiovascular.
Se você está a experienciar sintomas persistentes após a fase aguda da covid-19, o primeiro passo deve ser procurar o seu médico de família, que poderá orientar o tratamento e, caso necessário, encaminhá-lo para especialistas. Para os sintomas mais complexos, pode ser necessário consultar pneumologistas, cardiologistas ou psiquiatras.
A covid longa é uma condição ainda em estudo, com impacto significativo na vida das pessoas afetadas. A vacinação, a detecção precoce e o acompanhamento médico adequado são fundamentais para minimizar os efeitos desta doença. O suporte psicológico e a reabilitação neuropsicológica também desempenham um papel importante na recuperação dos pacientes. Se sentir que os sintomas estão a interferir com a sua qualidade de vida, não hesite em procurar ajuda médica.
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